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O "Massacre de Manguinhos" e a Coleção Entomológica do IOC

Em 1970, durante o regime militar, ocorreu o episódio que ficou conhecido como Massacre de Manguinhos, que marcou a história do Instituto Oswaldo Cruz. Na ocasião, dez de seus pesquisadores foram cassados, dentre eles os entomologistas Herman Lent, Hugo de Souza Lopes e Sebastião José de Oliveira. O ‘massacre’ não se limitou apenas à expulsão dos cientistas da instituição: toda a estrutura física da Coleção Entomológica do IOC foi integralmente desmantelada. Os armários contendo o acervo científico foram transportados em condições inadequadas para o antigo prédio do Hospital Evandro Chagas, atual Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas, no campus de Manguinhos. O resultado foram perdas e danos irreparáveis a muitos exemplares da coleção.

Atual chefe do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos, na época o pesquisador José Jurberg foi poupado do inquérito de cassação por ser considerado “recuperável”. O então jovem entomologista participou do processo de transferência do acervo e durante 16 anos – de 1970 a 1986 – foi responsável pela Coleção no Hospital Evandro Chagas, junto com o pesquisador Orlando Vicente Ferreira. “Poucos dias após a cassação fui comunicado que tinha que me mudar, juntamente com a Coleção, para o Hospital Evandro Chagas, que há muitos anos estava abandonado. Na ocasião, foi contratada uma companhia de mudanças residenciais, que sem nenhum cuidado técnico removeu os armários de ferro e as seis mil gavetas com exemplares”, lembra o pesquisador. “Dezenas de gavetas se quebraram, centenas de insetos se perderam, a armação de ferro foi para o lixo. Além disso, o armazenamento no hospital era precário, faltava ventilação, havia alta umidade e também dificuldade para limpeza da área”, descreve Jurberg.

A fim de proteger a Coleção e dar suporte a projetos de pesquisa em andamento, exemplares foram enviados por empréstimo para guarda de outras instituições, como o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, que recebeu parte do acervo de dípteros, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e outras Instituições. No ano de 1977, grande parte do acervo que havia sido depositado no Hospital Evandro Chagas retornou a seu espaço original, no segundo andar do Castelo Mourisco da Fiocruz. Apenas em outubro de 2005, após 35 anos do Massacre de Manguinhos, parte  do valioso material que havia sido enviado ao Museu retornou e foi reincorporado ao acervo original.  A cassação dos pesquisadores e a saida de dezenas de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz deu origem a um livro intitulado “O massacre de Manguinhos” de autoria de Herman Lent relatando  o fato.

Segundo o pesquisador, a modernização é um dos principais desafios para as coleções.

As coleções especializadas são acessiveis através de agendamento com os curadores das áreas, nos respectivos laboratórios.

Cristiane Albuquerque

08/09/2011.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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