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Hepatite E em destaque

O pesquisador madrilenho José Manuel Echevarría Mayo, abriu na manhã de quarta-feira (28/09), o terceiro dia do II Seminário Ibero-americano de Hepatites de Transmissão Entérica, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O trabalho ‘Epidemiologia do HEV na Europa e na América do Sul’ traça um panorama do vírus da hepatite E (HEV) em humanos e animais, especialmente em suínos.

“A história do HEV nas Américas começa em 1992 quando foi reportado o primeiro caso da doença, sendo detectado o genótipo 2a [o vírus possui quatro variações]. No Brasil, em 1997, 2005 e 2009, foram notificados ao todo oito casos associados ao vírus de genótipo 3”, conta José Manuel. Em 2011, de acordo com os dados apresentados, foram registrados cinco casos de hepatite E (tipo 3) na Bolívia e 20 na Argentina. Segundo o pesquisador, o vírus não circula de maneira contínua. Em comunidades amazônicas, onde vive parte da população boliviana, foi registrado o maior número de casos entre indivíduos com 20 a 31 anos.

Foto: Gutemberg Brito

 

 José Manuel Echevarría Mayo falou sobre o vírus da hepatite E no continente europeu e em países sul-americanos.

Mesmo sendo mais comum em países em desenvolvimento onde visivelmente a falta de saneamento básico é inadequada ou inexistente, a infecção pelo vírus da hepatite E  também ocorre nos países desenvolvidos. Recentemente, no continente europeu, foi detectado um caso autóctone de genótipo 4 - comumente encontrado no Oriente - em um indivíduo alemão. Este foi o primeiro caso. “A maior incidência da hepatite E na Europa é do tipo 3 e está localizada no norte. A região mediterrânea é a menos atingida”, destaca o pesquisador, que iniciou a carreira profissional em meados dos anos 70 e que trabalha atualmente no Instituto de Salud Carlos III, ligado ao governo espanhol. Em países como Holanda, Reino Unido, Espanha, Suécia, Hungria, França, República Tcheca e Itália foram detectados, entre 2008 e 2010, casos de HEV em animais de genótipo 3 como em porcos, javalis, veados e ratos [em áreas rurais e urbanas].

Novas perspectivas

De acordo com o especialista espanhol, o mundo vem se transformando rapidamente em níveis econômicos, mas também sócio-culturais. “E não é diferente no Brasil”, afirmou. O pesquisador, que visitou a Fundação pela primeira vez em 1986, disse que países emergentes como o Brasil estão em expansão econômica e social, mesmo com as adversidades atuais no cenário mundial. “O Brasil, que possui centros de excelência de pesquisas científicas como o Instituto Oswaldo Cruz, tem muito a contribuir para a ciência. A Fiocruz realiza excelentes trabalhos”, avalia. Para o virologista, o futuro da ciência está nos países emergentes.

Entenda a hepatite E

Descoberta na Índia, em 1989, a hepatite E é uma virose transmitida por via fecal-oral. O consumo de água e/ou alimentos contaminados com fezes de animais infectados implicam em surtos, dando origem à epidemias, principalmente relatadas na Europa, no sudeste da Ásia, no norte e oeste do continente africano e no México. A propagação zoonótica do vírus concentra-se em primatas, porcos, vacas, ovelhas, cabras e roedores - animais susceptíveis à infecção. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão entre pessoas é incomum e não há nenhuma evidência de transmissão sexual ou por meio de transfusão sanguínea. A infecção pelo HEV sintomática é mais comum em adultos jovens com idades entre 15 a 40 anos. As causas são icterícia (coloração amarelada da pele e na membrana branca dos olhos, urina escura e fezes claras), mal estar, perda do apetite, hepatomegalia (inchaço do fígado), febre baixa, dor abdominal, náuseas e vômitos. Hoje, não existe comercialmente uma vacina, porém, há estudos em desenvolvimento.

:: Confira a cobertura completa do II Seminário Ibero-americano de Hepatites de Transmissão Entérica

João Paulo Soldati

29/09/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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