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Virologia Ambiental é destaque de palestra que encerrou Seminário sobre Hepatites

Encerrando o ciclo de palestras apresentadas no II Seminário Ibero-americano de Hepatites de Transmissão Entérica, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisadora Marize Miagostovich, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, referência nacional do Ministério da Saúde para diagnóstico de rotavírus, apresentou um panorama com as conquistas recentes e os desafios atuais da pesquisa em virologia ambiental, com destaque para a identificação, isolamento e monitoramento dos vírus de veiculação hídrica em águas de esgoto, rios, lagos e mares. O evento foi realizado no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, entre os dias 26 e 30 de setembro, e reuniu pesquisadores brasileiros, europeus e da América Latina.      

 Peter Ilicciev

 

Marize abordou a importância da virologia ambiental no momento em que o mundo discute a escassez de água e defendeu a criação de legislações específicas para monitoramento da contaminação de recursos hídricos e alimentos por vírus

Nos últimos anos, o estudo da virologia ambiental tem ganhado destaque internacionalmente, com especial atenção para as vias de transmissão de vírus responsáveis por gastroenterites virais, como o da hepatite A, rotavírus, adenovírus e norovírus, entre outros, explicou Marize. “Há anos já existem técnicas e legislações específicas para o controle e monitoramento da qualidade das águas e alimentos contra bactérias. No entanto, foi somente o desenvolvimento da biologia molecular, a partir da década de 1990, que tornou possível o isolamento e a caracterização dos vírus no ambiente e a determinação da origem de diversos surtos antes inexplicáveis. Hoje, sabe-se que os vírus são os principais responsáveis por infecções por via aquática no mundo”, ponderou.

Marize reforçou a importância da virologia ambiental no contexto de poluição, deteriorização de ecossistemas e de valorização da água como recurso natural escasso. “Mais de dois bilhões de pessoas não possuem acesso à água tratada e saneamento básico e cerca de dois milhões morrem por ano no mundo por água contaminada e suas complicações”, afirmou a pesquisadora. “Os vírus ambientais são muito relevantes para esse quadro, podendo impactar o abastecimento de água potável, a oferta de águas recreacionais e de alimentos de origem aquática, além da produção agrícola. A transmissão através de alimentos manipulados por pessoas infectadas também é bastante comum.”

O fortalecimento dos debates acerca das legislações específicas para o monitoramento ambiental dos vírus também foi destaque da palestra de Marize. “Por serem excretados em grande quantidade, necessitarem de poucas partículas virais para infecção e possuírem grande estabilidade no ambiente, vírus como o da hepatite A e o rotavírus apresentam grande facilidade de transmissão, o que faz deles importante problema de saúde pública, em especial quando relacionados a crianças ou indivíduos imunocomprometidos”, avaliou. “Na Europa, estão avançados os debates sobre novas legislações para o monitoramento ambiental de vírus e a estruturação de redes de monitoramento da contaminação da água e dos alimentos. No Brasil, estes debates estão apenas começando, mas temos observado o desenvolvimento de grupos dedicados ao estudo da virologia ambiental.”

Marize apresentou, ainda, um panorama da evolução das pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, referência do Ministério da Saúde para diagnóstico de rotavírus, e sua atuação para integração das atividades de vigilância na América do Sul. “Nos últimos anos, realizamos atividade de referência na análise de água suspeita de contaminação para resolução de surtos, desenvolvemos metodologia de identificação de contaminação viral em certos alimentos e recebemos em nossas bancadas, para capacitação, profissionais de países latinoamericanos”, destacou. “Além disso, temos atuado na criação de uma rede oficial de Laboratórios na América do Sul para o monitoramento da presença de vírus no ambiente, em parceria com outras instituições sulamericanas e européias, o que já resultou na estruturação de redes próprias nesses países e em colaborações informais entre as instituições”, complementou. 

:: Confira a cobertura completa do II Seminário Ibero-americano de Hepatites de Transmissão Entérica

Marcelo Garcia

03/10/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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