Mão na massa: estudantes na Feira de Ciências
Estudantes do projeto ‘ABC na Educação Científica’, promovido pelo IOC, apresentaram dez trabalhos na VI Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro
No último fim de semana, estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, acordaram cedo para uma aula diferente. Eles seriam os professores, a classe estaria ao ar livre e os interessados poderiam se aproximar a qualquer hora para pedir explicações. Na sexta edição da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro (FECTI), realizada nos dias 10 e 11 de novembro, nos jardins do Palácio do Catete, crianças e adolescentes beneficiados pelo projeto ‘ABC na Educação Científica – Mão na Massa’ apresentaram dez trabalhos. Dentre os temas, conservação caseira de alimentos, prevenção de riscos em desastres naturais e tratamento de lixo.
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Acervo IOC |
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Estudantes apresentaram os trabalhos e conduziram experimentos para o público |
Criado pela pesquisadora do Laboratório de Biologia das Interações e professora do Programa de Pós-graduação em Educação Científica do IOC, Danielle Grynszpan, o projeto teve início em 2010, por meio de uma parceria com o governo francês e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). De acordo com Danielle, o objetivo principal era melhorar a educação científica na rede pública através de uma mudança na metodologia de ensino. “Incentivamos os professores durante o curso de formação a utilizarem a investigação cientifica em sala. É uma dinâmica que não está preocupada em passar conteúdos, mas incitar alunos a questionarem sobre os assuntos escolhidos. E são essas perguntas que vão norteando o processo de aprendizagem”, explicou.
Em 2011, o projeto ganhou o edital de Cooperação Social da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cujos recursos vêm permitindo a implementação de salas de ciência nas 12 escolas atendidas pelo projeto. Equipadas com microscópios óticos, aquários, bibliotecas e outros artefatos, os ambientes procuram estimular mais ainda a curiosidade e oferecer ferramentas para a investigação em temas variados, como saúde, biologia e meio ambiente. “A participação na feira faz parte do processo que começou com uma mudança em sala de aula, foi apoiada pela família e busca uma sociedade melhor”, contou Danielle.
Na FECTI, 28 municípios fluminenses estiveram representados. Dos 18 trabalhos apresentados por estudantes da Educação Básica de Niterói, dez foram frutos da parceria com o projeto.
Conhecimento transformado em cidadania
Ao despertar para a Ciência enquanto ferramenta de transformação e conhecimento do mundo, os estudantes, literalmente, põem a “mão na massa”. Na Escola Municipal João Brazil, que sofria com falta de espaço, o grupo do ‘ABC na Educação Científica’ criou uma horta feita com garrafas Pet, de modo a incrementar a alimentação oferecida pela unidade. “Outro grupo conseguiu medir o índice de chuvas no bairro e comprovou que o recolhimento das águas por meio de calhas permitiria uma economia à escola de dois carros pipa por semana. Vamos ajudá-los a elaborar o projeto para que seja apresentado à prefeitura”, diz Danielle.
Hoje, mais de 500 professores de nove disciplinas são atendidos pelo curso de formação, que acontece de forma presencial e virtual. “Começamos apenas com 63 docentes de Ciências do município”, revelou Danielle.
Trabalhos do ‘Mão na Massa’ selecionados para a VI FECTI
- A metodologia investigativa aplicada ao ensino de Ciências e sua potencialização através da mídia e tecnologia digital
- Salas-ambiente e o ensino das Ciências: o pH na vida cotidiana
- Conservação caseira dos alimentos
- Desastres naturais e prevenção de riscos: o Morro do Bumba em destaque
- Germinação das sementes
- O lixo da porta para fora
- Terrários como fonte de conhecimento
- Da escola à família: as salas-ambiente e práticas saudáveis de agricultura
- Impactos ambientais
- Misturas e sustentabilidade: metodologia investigativa em ação
Isadora Marinho
13/11/2012
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