Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz
Página Principal

Vírus do Oeste do Nilo nas Américas

Em sessão extraordinária do Centro de Estudos, especialista do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) sugeriu que a dengue age como ‘escudo’ contra a doença

A sessão extraordinária do Centro de Estudos realizada na última quinta-feira, 6 de dezembro,  trouxe ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) o biólogo Nicholas Komar, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos. Na palestra ‘The threat of West Nile virus in the Americas’ (A ameaça do vírus do Oeste do Nilo nas Américas), Komar discorreu sobre as origens e a dispersão do patógeno (WNV, na sigla em Inglês) na América Latina. Diversas aves migratórias participam do ciclo de transmissão e atuam como hospedeiras – motivo pelo qual países como o Brasil estariam sob risco. Mas se os Estados Unidos já registraram 5.245 casos e 236 mortes em 2012, índice mais alto desde 2003, nos trópicos a ameaça é inexpressiva. Por outro lado, a detecção de anticorpos em cavalos e pássaros coletados no Porto Rico, México, Argentina e no próprio Brasil comprovam que o vírus já circula nestas regiões. Komar levantou algumas hipóteses para explicar o porquê de a doença, que é endêmica na África e atinge a América do Norte no verão, ainda não ter se disseminado por aqui.

 Gutemberg Brito

 

O biólogo Nicholas Komar, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, levantou algumas hipóteses para explicar o porquê de a doença, que é endêmica na África e atinge a América do Norte no verão, ainda não ter se disseminado pelas Américas

Assim como a dengue, a febre do Oeste do Nilo é causada por um vírus do gênero Flavivírus, transmitido pela picada de um mosquito infectado – neste caso, o Culex pipiens, mais conhecido como pernilongo. Em geral, o vetor contrai o patógeno após se alimentar de uma ave doente. Os sintomas são desenvolvidos apenas por 20% dos infectados e incluem febre, dor na cabeça e no corpo, manchas vermelhas e enjoo. Mas as similaridades entre as duas arboviroses não param por aí. De acordo com o especialista, é possível que pacientes infectados pelo WNV com histórico de dengue não desenvolvam a doença devido a um fenômeno imunológico chamado ‘reação cruzada’.

A ‘reação cruzada’ ocorre quando anticorpos previamente desenvolvidos contra algum antígeno reconhece um antígeno similar e age contra ele. “Como o Brasil é endêmico para a dengue, as pessoas podem até estar sendo infectadas, mas não desenvolvem a febre”, explicou. Além disso, é possível que as cepas que chegam à América do Sul sejam atenuadas. “Os pássaros morrem cerca de cinco dias após ficarem doentes. Os que conseguem migrar para o sul do continente nestas condições talvez não tenham desenvolvido uma forma agressiva”, sinalizou. Sendo assim, o percentual de infecções humanas assintomáticas, que beira os 80% nos países de alta circulação do WNV, seja mais alto no Brasil.

Vigilância

De acordo com o especialista, é possível que nunca ocorra uma epidemia no Brasil. No entanto, diversas espécies de animais silvestres e domésticos correm riscos e as autoridades devem permanecer alertas. “Sei que é impossível fazer autópsia em quaisquer pássaros ou cavalos que apareçam mortos, mas a vigilância ajuda a monitorar não só este vírus como a detectar a emergência de outros”, disse Komar. Ele deu como exemplo o próprio WNV, identificado pela primeira vez nos Estados Unidos após o surgimento de corvos mortos pela cidade de Nova York.
 
Descoberta em 1937 no distrito Oeste do Nilo, na Uganda, a doença é endêmica na África e, em 1996, causou um surto na Romênia, o primeiro fora do continente. Em 1998, o WNV chegou a Israel e à Rússia e, desde 1999, circula nos Estados Unidos. O período de incubação é de uma semana e não há tratamento específico. Dentre as mais séries implicações da doença estão a meningite e a encefalite, desenvolvidas por cerca de 1% dos infectados – em geral, maiores de 50 anos.

11/12/2012

Isadora Marinho
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

Versão para impressão:
Envie esta matéria:

Instituto Oswaldo Cruz /IOC /FIOCRUZ - Av. Brasil, 4365 - Tel: (21) 2598-4220 | INTRANET IOC| EXPEDIENTE
Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360

Logos