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Reunião inaugura projeto em doença de Chagas

Pesquisadores de dez instituições do Brasil e do exterior estão envolvidos na iniciativa, coordenada pelo Instituto Oswaldo Cruz

São mais de 40 pesquisadores de variadas áreas do conhecimento, espalhados por dez instituições do Brasil, da França e do Canadá. Pelos próximos três anos, eles se articularão em torno de uma iniciativa multidisciplinar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que busca contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos portadores da doença de Chagas. O projeto ‘Cardiomiopatia chagásica crônica: prospecção de biomarcadores de progressão em portadores da doença de Chagas, testes pré-clínicos de novas drogas tripanossomicidas e efeitos terapêuticos de associação de medicamentos’ é coordenado pela chefe do Laboratório de Biologia das Interações, Joseli Lannes, e realizado em parceria com o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz) e o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz). Na última semana, foi realizada a reunião inaugural do projeto, no campus da Fiocruz, em Manguinhos (Rio de Janeiro, RJ).

Peter Illicciev

Grupo de pesquisadores da Fiocruz e da UFRJ tomaram parte de todos os subprojetos que serão realizados ao longo de três anos

De acordo com Joseli, o intuito foi promover um encontro entre os pesquisadores que atuarão através das instituições do Rio de Janeiro, como o IPEC, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o próprio IOC. Além disso, os presentes conferiram apresentações sobre os sete diferentes subprojetos que vão compor a iniciativa. Eles tentarão responder algumas das principais perguntas que norteiam as pesquisas em Chagas atualmente. “As variantes envolvidas na defesa do organismo ao Trypanosoma cruzi, a possibilidade de reverter quadros já instalados pela doença, como a fibrose do tecido cardíaco, e terapias combinadas para o controle do parasita durante a fase crônica são alguns dos nossos enfoques”, conta Joseli. Para a pesquisadora, o Brasil fez grandes avanços no controle do Triatoma infestans, o principal vetor do agravo, popularmente conhecido como barbeiro. No entanto, ela alerta que a transmissão vetorial ainda acontece em regiões de Pernambuco. “Triatomíneos de outras espécies, endêmicos da caatinga e da zona da mata, continuam atuando como vetores da doença em diversas regiões do estado e, portanto, a questão ainda merece atenção”, diz.

Peter Illicciev

 

Joseli pretende responder as principais perguntas que norteiam, hoje, a pesquisa em doença de Chagas

A coordenadora destaca a integração de áreas científicas como imunologia, farmacologia, biologia celular e cardiologia como um dos pontos mais positivos do projeto. “Temos uma complementaridade do conhecimento, porque especialistas podem transportar saberes de uma área para outra, enriquecendo as abordagens”, explica. Dentre os enfoques do projeto, está a análise da influência do NRF2, gene que rege as defesas antioxidantes e a tolerância dos tecidos às lesões, na cardiopatia chagásica crônica. “Queremos saber por que, dentre indivíduos com a mesma carga parasitária, uns desenvolvem dano tecidual e outros não. Além disso, vamos realizar estudos pré-clínicos in vitro e in vivo para avaliar se o uso de ativadores deste gene durante a fase aguda, como o resveratrol, presente no vinho, previnem a cardiopatia”, explica Joseli. A equipe da pesquisadora descobriu, recentemente, que as lesões causadas pelo T. cruzi na doença de Chagas são agravadas pelo óxido nítrico que o organismo do próprio paciente produz, com o objetivo de matar o parasito.

O projeto foi aprovado em novembro de 2012 no edital temático ‘Pesquisas para Doenças Negligenciadas’, uma iniciativa conjunta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com recursos do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (Decit/SCTIE/MS). Dentre as instituições colaboradoras, estão a UFRJ, através do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ) e do Instituto de Microbiologia Paulo Góes (IMPG/UFRJ); a Universidade de Pernambuco, através do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco Prof. Luiz Tavares (PROCAPE/UPE) e o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG). Já as parceiras incluem a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal de São João Del-Rey (UFSJD), o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e o Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (INSERM), ambos na França, e a Laval University, no Canadá.

 

Isadora Marinho
24/01/2013
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