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Pesquisando para combater

Especialistas apresentam estudos que podem ajudar no controle de doenças, como a dengue. O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil foi um dos destaques do segundo dia do Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC


:: Cobertura especial do II Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC

:: Programação do evento

Pesquisas sobre a bactéria capaz de inibir a transmissão da dengue, sobre o mosquito geneticamente modificado e estudos sobre a digestão e o relógio biológico de insetos, como o Aedes aegypti, foram os temas que iniciaram as atividades do segundo dia do II Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Cerca de 150 estudantes e pesquisadores reuniram-se para saber um pouco mais sobre os achados científicos que podem ajudar no controle de algumas doenças.
 

Gutemberg Brito

Especialistas apresentam estudos que podem ajudar no controle de doenças, como a dengue

 
Entendendo o relógio biológico dos insetos

Com o estudo ‘Genética molecular dos ritmos circadianos em insetos vetores’, a pesquisadora Rafaela Bruno, do Laboratório de Biologia Molecular de Insetos do IOC, busca entender o que regula o comportamento de algumas espécies de mosquitos vetores de determinados patógenos, como a filariose, transmitida pelo Culex quinquefasciatus, ou a dengue, transmitida pelo Aedes aegypti. Assim como o relógio biológico dos seres humanos “desperta” para a hora da refeição, do sono, ou do melhor momento para se executar uma atividade, o desses vetores não é diferente. De acordo com a especialista, entendendo a questão biológica desses mosquitos será possível desenvolver métodos eficazes de controle epidemiológico.

“Entender melhor os hábitos comportamentais do Aedes, como preferência de temperatura (quente/frio) e momento do dia de maior atividade (diurno/noturno), ajuda a criar estratégias de controle químico, com uso pertinente e preciso de fumacês, e biológico, eliminando o mosquito na hora e lugares corretos”, explicou Rafaela.

Enzimas digestivas como aliadas

Você já parou para pensar por que insetos se alimentam de coisas consideradas podres, cheias de fungos e bactérias, e não possuem, por exemplo, uma infecção intestinal que pode levá-los a morte? Em busca de respostas para essa intrigante pergunta, o pesquisador Fernando Genta, do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos, dedica-se a estudar está realidade com as larvas do mosquito Aedes aegypti. Com a palestra ‘Digestão em insetos vetores: novas perspectivas para o controle de doenças negligenciadas’, o especialista mostrou que a partir de seus achados será possível entender melhor a fisiologia desses organismos e também, indo mais a fundo, desenvolver novas ferramentas de controle. “Descobrindo a molécula capaz de inibir a digestão dos alimentos ingeridos por essas larvas, poderemos gerar futuros larvicidas que ataquem o sistema digestivo desses organismos, fazendo, assim, que elas não consigam se desenvolver e morram”, afirmou o especialista.

Bactéria X Vírus

Com a palestra ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. O uso da bactéria Wolbachia’, o pesquisador Rafael Freitas, do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC, apresentou uma nova abordagem para o controle da dengue. Trazido ao Brasil pela Fiocruz, o projeto ‘Eliminar a Dengue: Desafio Brasil’ tem como proposta utilizar a bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus da doença pelo Aedes aegypti. O projeto é uma parceria com especialistas da Universidade de Monash, da Austrália.

Cientistas demonstraram em laboratório que, quando é introduzida no Aedes, a Wolbachia atua como uma ‘vacina’ para o mosquito, bloqueando a multiplicação do vírus dentro do inseto. Como consequência, a transmissão da dengue é impedida. “Naturalmente presente em cerca de 70% dos insetos no mundo, a Wolbachia é uma bactéria intracelular e não existem evidências de qualquer risco para a saúde humana ou para o ambiente”, enfatizou Rafael, informando, ainda, que testes de campo devem ser feitos até maio de 2014 para testarem a reprodução da Wolbachia em território brasileiro. Após testes em algumas cidades australianas, a iniciativa mostrou-se 100% eficaz.

Modificação genética contra a dengue

Com testes iniciais no estado da Bahia, os mosquitos machos de Aedes aegypti geneticamente modificados, conhecidos como transgênicos, demonstraram que podem ser mais uma alternativa no controle da dengue. Cientistas inserem nos ovos do Aedes um gene que o torna estéril. Ao cruzar com fêmeas da espécie, elas geram filhos que nunca chegam a ultrapassar a fase de larva. O projeto, apresentado na palestra ‘Mosquitos transgênicos para controle da transmissão de dengue’, pela professora Margaret Capurro, da Universidade de São Paulo, já foi testado nas cidades de Mandacaru e Itaberaba, e conseguiu uma redução de até 90% nas populações desses mosquitos após a adoção da técnica. “Nossos testes de campo incluem a soltura de milhares de novos mosquitos nas áreas estudas, por isso, temos uma equipe de engajamento comunitário que explica detalhadamente o projeto para cada morador e, até agora, não tivemos nenhuma rejeição por parte dos habitantes dessas áreas”, comemorou a pesquisadora.


Vinicius Ferreira
18/03/2013
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