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Medicamentos com máxima potência

Conferência ‘Nanotechnology as a tool to improve drug properties’ mostrou como a nanotecnologia pode beneficiar a área de biofármacos

 

:: Cobertura especial do II Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC

 

Milhões de vezes menores que um comprimido, as nanopartículas são capazes de tornar um medicamento menos tóxico e mais estável, além de permitir formulações para uso intravenoso e a liberação dos princípios ativos de forma controlada e prolongada. Coordenada por Andressa Bernardi, a conferência ‘Nanotechnology as a tool to improve drug properties’, da pesquisadora e farmacologista Sílvia Guterrez, apresentou as possibilidades da nanotecnologia aplicadas à área de biofármacos, nesta terça-feira, 19 de março, durante o segundo dia do II Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC. Sílvia discorreu sobre alguns dos projetos desenvolvidos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentre eles, o que deu origem ao primeiro fotoprotetor de base tecnológica do Brasil: o Photoprot, com FPS 100. Desenvolvido em parceria com a BioLab Farmacêutica, o produto teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e, hoje, arrecada royalties que são utilizados para a compra de equipamentos e reformas dos laboratórios da Universidade.

 Gutemberg Brito

As possibilidades da nanotecnologia aplicadas à área de biofármacos foram apresentadas Sílvia Guterrez, pesquisadora e farmacologista da UFRGS


“Estamos falando de nanopartículas, cujos núcleos são preenchidos com fármacos, e que são capazes de acessar regiões do corpo de difícil acesso, potencializando o efeito terapêutico”, explicou. Uma destas regiões é o tecido cerebral. “A mesma estrutura que garante uma defesa importante para o órgão limita a entrada de medicamentos e, consequentemente, o tratamento de doenças”, disse. No caso dos tumores cerebrais malignos do tipo glioma, a pesquisadora comprovou a eficácia da nanocapsulação da indometacina, anti-inflamatório não-esteroide, no tratamento de camundongos. “Vimos uma redução significativa do crescimento do tumor”, disse. Antes de integrar a equipe de pesquisadores do IOC, Andressa Bernardi havia participado deste estudo.

Sílvia listou uma série de outros medicamentos que também têm como o alvo o cérebro e cuja eficácia foi potencializada pelo uso de nanopartículas. “Os antioxidantes da melatonina, hormônio que regula o ciclo do sono, são retratados na literatura como bons candidatos ao tratamento e prevenção da doença de Parkinson e do mal de Alzheimer. Comprovamos que a capacidade antioxidante foi potencializada após capsulação da substância”, explicou. De acordo com a especialista, os mesmos resultados foram obtidos com o olanzapine, antipsicótico que provoca ganho de peso, e o ácido valproico, antiepiléptico de baixa capacidade de penetração. “Aumentamos a concentração de todos eles no tecido cerebral e reduzimos os efeitos colaterais”, afirmou.

A pesquisadora atentou para a necessidade de se trabalhar com nanopartículas biodegradáveis, ou seja, que não provocam acúmulo de substâncias no organismo. Um exemplo é a partícula de poliéster, que se degrada em ácido lático sem causar prejuízos ao corpo. “Embora elas sejam utilizadas como carreadoras de fármacos, descobrimos que a administração de nanocápsulas vazias também tem efeito terapêutico. Elas foram capazes de prevenir úlceras causadas por etanol através da criação de um filme de revestimento no estômago de camundongos”, revelou.

Ainda de acordo com Sílvia, a nanotecnologia é uma área em expansão no país: na última década, o número de patentes subiu de 1.975, em 2003, para 10.519 em 2012. "O Brasil já é o 11º na publicação de artigos", afirmou.

Isadora Marinho
20/03/10
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