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Na luta contra as doenças negligenciadas

Especialistas apresentam estudos que buscam o desenvolvimento de vacinas e novas terapias mais eficazes contra alguns dos agravos considerados esquecidos

 

:: Cobertura especial do II Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC

 

Leishmanioses, hanseníase, tuberculose, esquistossomose. Esses e outros agravos, conhecidos como doenças negligenciadas, estão presentes em cerca de 149 países e representam um grande inimigo da saúde pública. São vírus, bactérias e parasitos que se concentram nas populações mais vulneráveis dos países em desenvolvimento. Atentos a essa realidade, pesquisadores se reuniram em torno da mesa-redonda ‘Fronteiras do conhecimento em doenças negligencias e emergentes’, no segundo dia do II Simpósio de Pesquisa do IOC.

Ferramentas contra a esquistossomose

Aliadas no desenvolvimento de novos métodos de controle de parasitoses, a genômica e a bioinformática são algumas das ferramentas utilizadas pelo pesquisador Guilherme Oliveira, do Laboratório de Parasitologia Celular e Molecular, do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em seus estudos com o Schistosoma mansoni, parasito causador da esquistossomose. “A partir de informações sobre o genoma desse organismo, nós tentamos identificar alvos para novas drogas e novos antígenos para vacinas e métodos de diagnósticos”, informou. Oliveira e sua equipe estão com suas pesquisas avançadas e já conseguiram chegar a um ‘composto líder’, que servirá como base no desenvolvimento de um novo medicamento, e também à fase de testes de viabilidade de alguns antígenos, usados para vacinas.

O especialista contou ainda que seus estudos não param por aí. Mais testes estão sendo feitos na tentativa de criar novos fármacos ou vacinas para outras doenças. “Estamos com projetos de utilizar a mesma estratégia desenvolvida contra o S. mansoni, para combater outros parasitas, sejam helmintos ou unicelulares, como os causadores da malária, leishmanioses e doença de Chagas”, enfatizou o pesquisador durante sua palestra, intitulada ‘Obtenção e a integração de dados genômicos de helmintos para identificação de candidatos a alvos terapêuticos’.

 Gutemberg Brito

 

Pesquisador Guilherme Oliveira, do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), apresentou resultados dos seus estudos que utilizam a genômica como ferramenta de combate à esquistossomose

Entendo melhor a tuberculose e a hanseníase

Considerada uma doença importante do ponto de vista da saúde pública, devido ao aumento do número de casos, surgimento de cepas resistentes aos fármacos e a coinfecção pelo HIV, para combater a tuberculose são necessárias novas estratégias. Com o estudo sobre a ‘Genotipagem de Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae’, o pesquisador Philip Suffys, do Laboratório de Biologia Molecular Aplicada em Micobactérias do IOC, procurou descrever a evolução do conhecimento de alguns aspectos da tuberculose através do uso de alguns métodos de genotipagem. “Entender melhor as principais linhagens circulando pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e solucionar a resistência às drogas”, explicou.

O especialista falou também sobre a experiência e análise genética de M. leprae e a evolução da metodologia de tipagem, não tão desenvolvida como a realizada em M. tuberculosis. “Para compreender como acontece a transmissão da hanseníase é necessário um melhor entendimento sobre a interpretação da associação entre genótipos e a definição de agrupamentos”, disse. Os estudos concentrados nos estados do Norte e Nordeste brasileiros têm detectado, ainda, a transmissão intra e extradomiciliar de algumas cepas da doença, mostrando, assim, a necessidade de uma melhor avaliação deste problema.

KMP-11: uma proteína candidata a vacina contra a leishmaniose

Buscando soluções para combater as leishmanioses, o pesquisador Sérgio Mendonça, do Laboratório de Imunoparasitologia do IOC, vem estudando o papel da proteína KMP-11 na interação do parasita causador da doença (Leishmania) com o hospedeiro mamífero e mostrou resultados desta linha de pesquisa na palestra intitulada ‘KMP-11, a proteína de membrana de cinetoplastídeos-11 como fator de virulência em Leishmania amazonensis’. Esta espécie está presente principalmente na região Amazônica, mas tem sido observada causando doença humana em outras regiões do Brasil, inclusive no Estado do Rio de Janeiro. Na maioria dos casos, ela provoca lesões cutâneas simples, mas, em pequena porcentagem de indivíduos infectados, pode haver evolução para a leishmaniose cutânea difusa, uma forma progressiva da doença, para a qual não há cura definitiva.

O especialista apresentou os resultados das investigações sobre a expressão desta proteína nos diferentes estágios evolutivos de L. amazonensis, mostrando que a expressão da KMP-11 aumenta nos estágios que entram em contato com o hospedeiro mamífero. Foram apresentados também resultados que demonstram que a proteína atua aumentando a multiplicação de formas amastigotas de Leishmania no interior das células que as abrigam no organismo do hospedeiro mamífero: os macrófagos. “Apesar de ser considerada um antígeno candidato a vacina contra leishmaniose, a função biológica da KMP-11 para o parasito ainda não foi determinada”, o pesquisador pontuou. Mas os resultados apresentados indicam que a KMP-11 produzida pelo parasito atua como um fator de virulência, ou seja, agravando a infecção nos hospedeiros mamíferos, sendo, portanto, um possível alvo para intervenções profiláticas (vacina) ou terapêuticas (tratamento).


Vinicius Ferreira
21/03/2013 - Atualizada em 27/03/2013
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