Ciclo Carlos Chagas de Palestras relembra a história do Posto Avançado de Pesquisa Emmanuel Dias, em Bambuí, e sua influência no estudo da doença de Chagas
O Posto Avançado de Pesquisa Emmanuel Dias (PAPED), em Bambuí, comemora 70 anos. Para celebrar a data, o Ciclo Carlos Chagas de Palestras dedicou sua primeira edição para homenagear o PAPED e, consequentemente, o precursor do desenvolvimento de pesquisas sobre a doença de Chagas na região, o pesquisador Emmanuel Dias. O Posto foi inaugurado pelo Instituto Oswaldo Cruz, em 1943, com o nome de Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas (CEPMC), sendo renomeado, posteriormente, para a atual nomenclatura. O evento aconteceu nos dias 11 e 12 de abril, no campus da Fiocruz em Manguinhos.
Gutemberg Brito |
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História do PAPED emociona público do Ciclo Carlos Chagas de Palestras |
Durante o evento, o pesquisador do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/ Fiocruz- Minas), João Carlos Pinto Dias, filho de Emmanuel Dias, lançou a pergunta “Por que comemorar os 70 anos do PAPED?”. Para responder a indagação, o pesquisador mostrou uma série de fotografias que comprovam a importância histórica do Posto no avanço das pesquisas sobre a doença de Chagas. As imagens contavam a trajetória das pesquisas na região mostrando a descoberta dos primeiros casos, da inauguração do CEPMC, do controle do vetor com a utilização do inseticida ‘gammexane’, do tratamento da cardiopatia chagásica crônica, da mobilização e formação de profissionais e a consolidação da vigilância epidemiológica a partir da década de 70.
Contribuições do PAPED
O pesquisador pontuou, ainda, a relevância do PAPED, em Bambuí, como marco importante para os trabalhos sobre a doença. “O Posto é uma trajetória real, duradoura e consequência dos sonhos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas; o Posto foi ponto de partida para diversos desdobramentos da doença chagásica, além de ter sido fundamental para a formação de profissionais”, ressaltou o pesquisador João Dias.
A coordenadora do evento e chefe do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, Joseli Lannes, reafirmou a criação do PAPED como um marco para a ciência em função dos avanços nos estudos sobre a doença de Chagas. A pesquisadora destacou, no entanto, que os desafios continuam sendo o diagnóstico, o controle do vetor, a vigilância epidemiológica, o tratamento da doença chagásica crônica e a educação, informação e comunicação da doença para as populações em risco. “A doença de Chagas não pode ser negligenciada e a criação Ciclo Carlos Chagas de Palestras é uma forma de a Fiocruz dar o retorno científico a quem efetivamente precisa”, afirmou.
A diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Araújo-Jorge, ressaltou que a partir de eventos como Ciclo Carlos Chagas, é possível registrar fatos históricos da ciência e da saúde pública do país e da própria história da instituição. “Com a programação do Ciclo Carlos Chagas de Palestras, tivemos a oportunidade de atualizar uma série de aspectos sobre a doença e rever o nosso papel na história, além de identificar o que a nossa geração precisa fazer daqui para frente. Os momentos de celebração histórica são importantes para refletirmos e pensarmos sobre o futuro da pesquisa em doença de Chagas”, ressaltou.
A pesquisadora Nísia Trindade Lima, vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, representado o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, reiterou a importância do evento e ressaltou a influência do PAPED na evolução do estudo da doença de Chagas no país. “O Posto de Bambuí teve importância para os trabalhos sobre a doença de Chagas, com muitos desdobramentos científicos na construção do saber em saúde e biociências”, destacou.
História e Ciência
Durante a palestra ‘O PAPED e a história da doença de Chagas’, ministrada pela a pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Simone Kropf, os momentos emblemáticos da construção do posto e a doença de Chagas foram relembrados.
De acordo com Kropf, falar desta história é pensar sobre tradição de pesquisa e ciência, que é a ideia de produção de conhecimento de excelência, que tornou Carlos Chagas reconhecido internacionalmente por suas contribuições à medicina tropical, e, ao mesmo tempo, a busca por soluções concretas para os problemas de saúde da sociedade brasileira. “É a ideia de ciência para saúde do Brasil. É um olhar para a população que não pode ser negligenciada. É uma ciência que saí do laboratório para dar visibilidade aos problemas de saúde pública do país”, enfatizou.
Gutemberg Brito |
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Pesquisadora Simone Kropf pontua aspectos emblemáticos do PAPED na história da ciência voltada à saúde |
O esforço foi reconhecido pela importância médico-social da doença com dois eventos: I Congresso Internacional sobre Doença de Chagas, em 1959, e a Reunião de Estudos sobre doença de Chagas em Washington, em 1960.
A pesquisadora encerrou a palestra citando uma crônica do poeta Carlos Drummond de Andrade sobre o precoce falecimento de Emmanuel Dias, discípulo de Carlos Chagas no estudo da protozoologia, em que afirmou que o pesquisador “foi um cientista a serviço do homem”.
Exposição e pôsteres
Durante o evento, houve também exposição ‘PAPED: 70 anos de Estudos sobre a doença de Chagas – Avanços e Desafios’. A mostra resgatou a contribuição dos estudos desenvolvidos pelo pesquisador que nomeia o Posto no enfrentamento do vetor e na investigação da forma crônica da doença de Chagas. A exposição, organizada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), trouxe ao público peças como corações portadores da doença chagásica, originalmente preparadas por Emmanuel Dias e Magarinos Torres, que compõem o acervo do Museu de Patologia do IOC.
Gutemberg Brito |
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Corações com doença chagásica |
No encontro, a sessão de pôsteres exibiu cerca de 27 painéis, que passaram por uma comissão avaliadora. Os quatros melhores foram selecionados para apresentação oral.
Vanessa Sol
12/04/2013
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