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Online: edição de abril da revista Memórias do IOC

Artigo de opinião questiona a validade do certificado da OMS, que vem atestando a interrupção da transmissão da Doença de Chagas pelo principal vetor, o Triatoma infestans, em países da América Latina

A edição de abril da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) traz estudos desenvolvidos por pesquisadores do Japão e da Bolívia que apontam novas possibilidades terapêuticas – sintéticas e naturais – para leishmanioses, malária e esquistossomose. Na seção ‘Opinião do Autor’, cientistas do Brasil e da Argentina questionam a confiabilidade do certificado de interrupção da transmissão da doença de Chagas pelo Triatoma infestans, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A vulnerabilidade de células cerebrais à infecção por Trypanosoma cruzi em pacientes imunossuprimidos é tema de outro artigo desta edição, assim como um estudo epidemiológico sobre o hantavírus na Colômbia. Acesse a versão online da revista gratuitamente.
 
Certificação para quê?

Neste artigo de opinião, grupo composto por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidad de Buenos Aires, na Argentina, discorrem sobre a validade do certificado de interrupção da transmissão da doença de Chagas pelo Triatoma infestans e outros vetores. O título, concedido pela OMS, foi dado ao Brasil em 2006 e a diversos países da América Latina ao longo das décadas de 1990 e 2000. De acordo com os estudiosos, uma certificação que se baseia na ausência de eventos – neste caso, novas infecções por picada de T. infestans – não obedece à lógica, afinal, a ‘ausência de evidências não pode ser tomada como evidência da ausência’. Eles assinalam que a doença de Chagas pode se manter assintomática por décadas, o que dificulta a identificação de novos casos assim que eles surgem. Além disso, espécies nativas de vetores que, no Brasil, giram em torno de 50, frequentemente reinfestam os domicílios humanos, iniciando novos ciclos de transmissão. Neste sentido, os pesquisadores questionam a validade de tal certificado e alertam para um afrouxamento da vigilância nos países que o recebem, fato extremamente prejudicial às populações que permanecem em risco. Eles apontam, ainda, que a OMS deveria limitar-se a reconhecer os esforços dos países no combate ao vetor através de um ‘certificado de boas práticas’. Confira o artigo.

Hantavírus mascarado

Até hoje, nenhum caso de infecção humana por hantavírus foi diagnosticado na Colômbia, mas poderia a doença estar sendo confundida com outros agravos de sintomas semelhantes? Pesquisadores da Argentina, Colômbia, Brasil e Estados Unidos divulgam, neste estudo, o índice de prevalência de anticorpos contra duas das linhagens mais comuns de hantavírus na América Latina, Araraquara (ARAV) e Maciel (MACV), tanto em trabalhadores de baixa renda do departamento de Córdoba, quanto em roedores de sete espécies endêmicas da região e que costumam fazer parte da cadeia de transmissão. Foram testados 286 pessoas e 322 animais. Anticorpos anti-MACV foram detectado em dez trabalhadores e anti-ARAV, em 21. Os pesquisadores não conseguiram identificar como ocorreu o contato destas pessoas com o patógeno, mas reforçam que a rede de Saúde do país deve incluir o hantavírus na lista de possíveis doenças causadoras de síndromes febris, como a dengue, malária e leptospirose. Leia a pesquisa.

Ação tripanossomicida da planta casca-de-anta

Neste artigo, pesquisadores do Brasil, Itália e Bolívia comprovam a ação tripanossomicida dos extratos CHCl3 e CH3OH, isolados da planta Drimys brasiliensis – conhecida popularmente como cataia ou casca-de-anta. Os compostos foram sintetizados a partir de folhas, ramos e caule do vegetal, nativo da região Sul, e apresentaram toxicidade contra parasitas da linhagem Leishmania amazonensis e Leishmania braziliensis, em sua fase promastigota; e contra trofozoítos de Plasmodium falciparum. Respectivamente, estes protozoários são responsáveis por causar leishmanioses e malária, doenças negligenciadas que, juntas, respondem por 325 mil novas infecções todos os anos. A pesquisa atende à demanda universal por novas drogas, em virtude da progressiva resistência dos pacientes aos quimioterápicos mais utilizados no combate destes agravos. Acesse-a.

Chagas e o Sistema Nervoso Central

Pacientes crônicos de Chagas que possuem HIV ou que se submetam a tratamentos imunossupressores, comuns em casos de transplante de órgãos ou leucemia, podem passar por uma ‘reativação’ da fase aguda da doença, tornando o sistema nervoso central, raramente afetado, vulnerável à infecção pelo parasito. Neste estudo, pesquisadores da Colômbia expuseram astrócitos – células do sistema nervoso que desempenham papel vital na proteção e nutrição dos neurônios – a tripomastigotas do Trypanosoma cruzi, agente causador de Chagas. Seis dias após a exposição, 93% das células haviam sido infectadas, e a produção das quimiocinas CXCL8 e CCL2 pelos astrócitos havia sofrido alteração. Leia a pesquisa.

Antimalarial contra a esquistossomose

A amodiaquina (AQ), composto de conhecidas propriedades antimalariais, tem efeitos, também, sobre vermes adultos do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Cientistas do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de Nagasaki, no Japão, constataram, a partir de testes de cultura in vitro, que concentrações de até 5μg/mL de amodiaquina são capazes de reduzir significativamente a produção diária de ovos pelo casal de vermes e, ainda, o período de sobrevivência de machos e fêmeas. Também foram identificadas alterações morfológicas no trato intestinal dos parasitas. Este é o primeiro relato dos efeitos da amodiaquina à concentração máxima de 5μg/mL sob S. mansoni. Saiba mais.

15/04/2013
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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