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BNDES avalia investimentos passados e futuros

Comissão técnica visitou coleções biológicas do IOC e definiu detalhes do projeto que irá alocar R$ 5 milhões em medidas de preservação e divulgação dos acervos

 

A modernização da infraestrutura de nove Coleções Biológicas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), dentre elas quatro acervos conhecidos como ‘fieis depositários’ do patrimônio da biodiversidade brasileira, contou com R$ 370 mil conquistados em 2006 através do Programa de Apoio a Projetos de Preservação de Acervos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2010, em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), o IOC submeteu nova proposta ao Programa de Apoio. Intitulado ‘Complexo de Preservação e Difusão de Acervos Científicos da Fiocruz’ e aprovado com o orçamento de R$ 5 milhões, o projeto é mais ambicioso e abrangente, estendendo melhorias ao patrimônio bibliográfico, arquivístico e arquitetônico de Manguinhos. Com o objetivo de avaliar o impacto do edital de 2006 e discutir os últimos detalhes da aplicação de recursos da edição de 2010, com liberação prevista para novembro deste ano, analistas do BNDES realizaram uma visita técnica ao IOC no dia 16 de maio.

 

Composta por especialistas em conservação de acervos e tecnologia da informação, a equipe do Banco visitou a Coleção Histopatológica de Febre Amarela e as Coleções Zoológicas de Triatomíneos, Simulídeos, Artrópodes Vetores, Ceratopogonidae, Culicídeos e, ainda, as Coleções Helmintológica e Malacológica. Beneficiada com a digitalização de 100 mil das 498 mil lâminas históricas com amostras de fígado, a Coleção Histopatológica de Febre Amarela figura entre os maiores acervos de referência para histopatologia hepática do mundo. É a única, no Brasil, autorizada a realizar acesso, ou seja, a retirada de material para análise molecular. As lâminas com amostras de pacientes datam de 1928 a 1970, período em que o país viveu a segunda grande epidemia da doença, e estavam acondicionadas em mobiliários de madeira do início do século passado. Estes, por sua vez, dividiam espaço com a vasta Coleção da Sessão de Anatomia Patológica. “Agora, contamos com armários modulados de aço inox que nos permite otimizar o espaço da sala, além de caixas especiais para o armazenamento das lâminas”, explicou o chefe do Laboratório de Patologia e curador da Coleção, Marcelo Pelajo.

 

Gutemberg Brito

Fernanda Balbi, do BNDES, observa espécime da coleção de Artrópodes Vetores: comissão avaliou melhorias implementadas pelo edital de 2006

 Acervo virtual

Ao lado do gestor de Coleções Científicas, Arion Tulio Aranda, Pelajo coordenará a execução do novo projeto pelo IOC. Ele destaca a instalação de equipamentos de microscopia digital, que irão modernizar o sistema de documentação e difusão das Coleções Helmintológica, Malacológica, Entomológicas, de Artrópodes Vetores e de Febre Amarela. Equipadas com um escaneador de lâminas e dois sistemas de produção de imagens tridimensionais, os equipamentos serão capazes de gerar fotografias de altíssima resolução das amostras, reproduzindo a visão que o pesquisador tem ao analisar a lâmina e os vetores no microscópio. “Poderemos disponibilizar estas imagens para a comunidade científica, poupando o material da exposição à luz e ao microscópio. Com isso, colaboradores de diversas localidades poderão ter acesso às nossas lâminas e espécimes, por exemplo”, explicou Pelajo.

Analista do BNDES, Fernanda Balbi acompanhou a execução do projeto aprovado em 2006 e destacou o caráter inovador desta iniciativa. “A instituição mostra um espírito de compartilhamento da informação e um entendimento de que o patrimônio intelectual, histórico e cultural não pode ser estratificado, mas acessível à comunidade, principalmente através dos sistemas da tecnologia”, disse.

Gutemberg Brito

 

Pelajo e o mobiliário adquirido pela coleção de Febre Amarela

De acordo com Pelajo, a digitalização de cada lâmina gera um arquivo com tamanho entre 200 e 800 megabytes. Já o escaneador tem capacidade para digitalizar 100 lâminas por dia. “Para dar vazão a esse volume de informações e viabilizar o tráfego das mesmas na rede, os equipamentos estarão integrados às Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep)”, pontuou. Em fase de implementação, a Redecomep é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e prevê a conexão de instituições de ensino e pesquisa através da instalação de fibras ópticas, que aumentarão para 10 gigabytes a velocidade da internet. Para Fernanda, tal modernização vai conferir um importante diferencial para a Fiocruz. “É raro encontrarmos uma instituição que seja detentora da cadeia completa da informação, da captação no ambiente até a produção de conhecimento, passando pela criação, gestão e distribuição de suas respectivas bibliografias, estudos e literatura”, opinou.

Gutemberg Brito

Cerca de 100 mil lâminas históricas vêm sendo recuperadas e digitalizadas com recursos oriundos do edital de 2006 do BNDES

Mais espaço para mais tempo

Enquanto não digitaliza seus mais de 37 mil espécimes oriundos de oito biomas diferentes, a Coleção Helmintológica do IOC, que conta com o maior acervo de helmintos da América Latina, desfruta dos investimentos do BNDES aplicados na compra de um moderno mobiliário deslizante de aço. De acordo com a chefe do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados e coordenadora da Câmara Técnica de Coleções do IOC, a pesquisadora Delir Serra Freire, a limitação de espaço e a necessidade de melhores condições de preservação colocava o material em risco e comprometia a rotina dos funcionários. “As amostras estavam armazenadas em armários de madeira de difícil manuseio e sem espaço para crescimento da Coleção. Como não tínhamos uma climatização adequada, o acervo era checado periodicamente, o que demandava muito tempo da equipe”, contou. De acordo com o curador, Marcelo Knoff, agora há espaço para receber espécimes pelos próximos 100 anos.

Gutemberg Brito

Representantes do IOC, COC e Icict se reuniram com a comissão do BNDES. R$ 5 milhões serão alocados em medidas de preservação dos acervos

O projeto ‘Complexo de Preservação e Difusão de Acervos Científicos da Fiocruz’ tem coordenação geral do vice-diretor da COC, Marcos José de Araújo Pinheiro, e contempla, ainda, a instalação de um sistema de segurança para detecção e combate a incêndios no Castelo Mourisco e nos pavilhões Lauro Travassos, Cardoso Fontes e Adolpho Lutz, que abrigam acervos biológicos, bibliográficos, arquivísticos e museológicos, situados no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. São peças, documentos textuais, iconográficos e obras raras que ajudam a contar a história da Ciência e do próprio país. “Estamos diante de um patrimônio de impressionante diversidade. São acervos biológicos, científicos e arquitetônicos vinculados a uma produção intelectual com ênfase na inovação. Estamos muito satisfeitos de poder cooperar mais uma vez com a Fiocruz”, concluiu Fernanda.

Isadora Marinho 

23/05/13
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