Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz
Página Principal

Pesquisa sobre hepatite C ganha prêmio do CNPq

‘Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica’ reconheceu projeto que desenvolve metodologias para identificar fatores preditivos associados a melhor resposta ao tratamento de pacientes com hepatite C crônica

Desde que começou a estudar o vírus da hepatite C durante as atividades de iniciação científica no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Vanessa Duarte da Costa sempre se dedicou ao desenvolvimento de técnicas para diagnóstico da doença. Atualmente, está empenhada no desenvolvimento de testes para identificar fatores que permitam antecipar a resposta ao tratamento. O reconhecimento do trabalho da jovem acaba de chegar de forma inesperada e precoce, aos 22 anos.

Orientada pela pesquisadora Elisabeth Lampe, chefe do Laboratório de Hepatites Virais do IOC, Vanessa ganhou o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica concedido anualmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho ‘Desenvolvimento de metodologias para detecção de polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) no gene humano da interleucina 28B e ITPA associadas com resposta ao tratamento antiviral da hepatite C’ foi o vencedor na categoria Bolsista de Iniciação Tecnológica.

 Gutemberg Brito

 

Após dois anos no projeto, Vanessa pretende seguir com o estudo na Pós-graduação

O estudo

A pesquisa partiu de um problema real enfrentado no tratamento da forma crônica da hepatite C: a baixa taxa de resposta dos pacientes ao tratamento. “Investigamos fatores que podem estar relacionados com o processo de cura. Nossos estudos pretendem identificar com antecedência pacientes com maior probabilidade genética de responder ao tratamento”, esclarece Vanessa.

O estudo teve como alvo o gene IL28B. Pequenas variações na sequência de nucleotídeos deste gene – chamadas polimorfismos – podem ter impacto na resposta do paciente ao interferon e à ribavirina, principais medicamentos utilizados no tratamento do agravo. Saber se um paciente apresenta polimorfismo neste gene pode auxiliar na decisão de iniciar ou protelar o tratamento. Vanessa colaborou em especial no desenvolvimento de metodologias para detecção da variabilidade nesta característica genética. Numa primeira etapa, ela otimizou protocolos dos ensaios PCR primer tipo específico, RFLP utilizando enzimas de restrição e PCR em Tempo Real. Os resultados obtidos por meio destas técnicas foram comparados aos do sequenciamento nucleotídico, que é considerado o padrão de referência, verificando-se 100% de concordância entre os testes.

Outra etapa importante do trabalho foi o estudo de variações no gene da ITPA (inosina trifosfato pirofosfatase), que estão associadas ao desenvolvimento de anemia grave induzida pela ribavirina durante o uso do medicamento. Um dos principais efeitos colaterais, a anemia pode ocasionar até mesmo a interrupção do tratamento.

Para avaliação da aplicabilidade prática do estudo, foram avaliadas amostras de sangue e de soro de mais de 60 pacientes em tratamento atendidos no Ambulatório de Hepatites Virais do IOC e em hospitais do Rio de Janeiro. O material genético dos pacientes foi analisado com as técnicas de RFLP, PCR em tempo real e por sequenciamento nucleotídico, identificando-se variações nos nucleotídeos em posições específicas nos genes estudados.  O cruzamento de dados obtidos pelas técnicas desenvolvidas com a resposta terapêutica e ao desenvolvimento de anemia estão sendo compilados para a elaboração de um artigo científico.  Os resultados preliminares apontam que a análise de polimorfismos do gene IL28B são capazes de predizer a suscetibilidade do paciente ao tratamento.

“Podemos identificar os pacientes que teriam mais chances de responder ao tratamento, que é caro e pode acarretar sérios efeitos colaterais. Na era da ´medicina personalizada´, a identificação de pacientes mais propensos a responder à terapia antiviral pode resultar em mudanças ou otimização do protocolo terapêutico, trazendo benefícios aos pacientes. Do mesmo modo, a determinação de polimorfismos no gene da ITPA poderá influenciar na decisão terapêutica ao identificar pacientes com alto risco de desenvolver anemia”, aponta Elisabeth. A descoberta abre caminho para uma avaliação pessoal em relação ao tratamento de acordo com os fatores preditivos de cada paciente. “O objetivo é desenvolver um teste de fácil interpretação para auxiliar na identificação de fatores preditivos da resposta terapêutica, trazendo benefícios para o paciente e economia para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma a especialista.

Reconhecimento

Elisabeth salienta o mérito do prêmio. “Trata-se de um grande incentivo para a continuidade na carreira acadêmica do estudante e mostra que é com esforço e muito trabalho que se consegue algo concreto em termos de pesquisa”, afirmou. Vanessa, que pretende dar continuidade ao estudo na pós-graduação, destaca a sensação de ter o trabalho reconhecido nacionalmente. “Eu e toda a equipe envolvida nos esforçamos bastante por esse projeto. É um prestígio de caráter nacional. Isso mostra que temos que acreditar no projeto que temos em mãos”, finaliza.

O Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq conta com a parceria da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A 11ª edição concedeu seis premiações, divididas nas categorias bolsista de Iniciação Científica, bolsista de Iniciação Tecnológica e Mérito Institucional. A cerimônia de entrega será realizada na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2014, no Acre.


Lucas Rocha
19/12/2013
Autorizada a reprodução sem fins lucrativos desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

Versão para impressão:
Envie esta matéria:

Instituto Oswaldo Cruz /IOC /FIOCRUZ - Av. Brasil, 4365 - Tel: (21) 2598-4220 | INTRANET IOC| EXPEDIENTE
Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360

Logos