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Em defesa da ousadia na ciência

Diretor geral do NIH assinou carta de intenções para colaboração com a Fiocruz. Conferência de Francis Collins foi integrada às comemorações pelos 114 anos da Fundação e do IOC

“Não se conformem com algo que seja apenas um incremento, uma próxima etapa óbvia de uma pesquisa. Escolham as questões que são significativas, se vocês tiverem essa oportunidade. Talvez seja mais arriscado, mas é assim que a ciência avança.” As palavras do diretor geral dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), Francis Collins, foram dirigidas aos pesquisadores e estudantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que lotaram o auditório do Museu da Vida para assistir à conferência realizada no dia 23 de maio. À frente da maior organização de pesquisa na área de ciência e saúde do mundo, o ex-diretor do Projeto Genoma Humano criticou o ‘excesso de ênfase’ dado pelos sistemas acadêmicos ao número de publicações científicas. “Os artigos são contabilizados como se isso fosse uma marca de sucesso. Mas eu preferiria enfatizar o que as pesquisas realmente fizeram para mudar nossa compreensão de como a vida funciona”, afirmou.

 Gutemberg Brito

 

 Francis Collins afirmou que fortalecer a comunidade científica da área biomédica é uma de suas metas no NIH


A conferência de Collins foi integrada às comemorações de 114 anos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), além de integrar a programação do tradicional Centro de Estudos do IOC. No evento, foi assinada uma carta de intenções para cooperação entre a Fundação e o NIH. O diretor do NIH disse que o Brasil é o maior parceiro da entidade na América Latina e ressaltou que a Fiocruz é um dos motivos que justificam a força desta colaboração binacional. Já o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, ressaltou a afinidade entre as duas instituições. “A cooperação com o NIH vai ao encontro da nossa forma de pensar a pesquisa em saúde, como uma área que está na fronteira do conhecimento em ciência e tecnologia e que precisa dar respostas à população. O trabalho translacional – que busca transformar as descobertas da ciência básica em novos produtos de saúde – é uma das características que temos em comum”, afirmou. O diretor do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, explicou que o acordo terá validade até 2019 e poderá dar suporte ao treinamento de pesquisadores, transferência de tecnologias e intercâmbio de profissionais, entre outras formas de cooperação.

 Gutemberg Brito

 

Francis Collins e Paulo Gadelha assinaram carta de intenções para cooperação entre NIH e Fiocruz no período de 2014 a 2019


Foco das pesquisas do Instituto Oswaldo Cruz desde a sua fundação, o campo das doenças infecciosas foi uma das áreas para a colaboração destacadas por Collins. Na opinião do geneticista, os avanços tecnológicos recentes geram oportunidades empolgantes em uma das áreas mais antigas da ciência biomédica. “Esta é uma batalha contra milhões de anos de evolução, em que se desenvolveram todos estes micro-organismos que afetam a humanidade. Mas acho que hoje podemos atacar as doenças infecciosas de forma que não poderíamos imaginar alguns anos atrás. Por exemplo, após 30 anos de frustração, estamos mais próximos de descobrir como desenvolver uma vacina contra o HIV, combinando novas tecnologias de genética, de biologia molecular, de imunologia”, afirmou.

Além das doenças infecto-parasitárias, as doenças do sistema nervoso e o câncer foram citados pelo diretor do IOC, Wilson Savino, como áreas estratégicas para a colaboração com o NIH. O imunologista destacou que as infecções ainda são um problema de saúde pública importante no Brasil e devem continuar como uma prioridade nas pesquisas. “Além dos prejuízos diretamente causados pelos agentes infecciosos, precisamos considerar que há associações, como acontece, por exemplo, na situação de vírus correlacionados ao aparecimento de câncer. Já as doenças neurológicas são cada vez mais frequentes na população brasileira. Esta é uma área em que precisamos gerar conhecimento e na qual precisamos formar cada vez mais profissionais”, disse Savino, que é coordenador do Programa Fiocruz em Neurociência (FioNeuro), criado para consolidar e expandir as pesquisas da Fundação na área.

 Gutemberg Brito

 

 “A tecnologia do DNA abriu janelas que antes estavam fechadas, tornando possível para os cientistas fazer e responder perguntas sobre saúde e doença que beneficiam todo o mundo”, afirmou Collins



Nos Estados Unidos, Collins é responsável pelo projeto BRAIN Initiative, lançado pelo presidente Barack Obama no ano passado com o objetivo de mapear o funcionamento do cérebro. Segundo ele, esta também é uma área promissora para a colaboração científica. Ao comentar a grandiosidade do projeto, Collins disse que o Genoma Humano, que mapeou o DNA em 2003, também enfrentou ceticismo e que é necessário ousar para alcançar resultados significativos. “Com os avanços da pesquisa biomédica no último século, conhecemos atualmente os mecanismos envolvidos na causa de quatro mil doenças, mas só encontramos a cura para 250 delas. Existe um abismo entre o que sabemos e o que conseguimos fazer em termos de intervenção médica. Esse é um desafio e uma oportunidade. Poderíamos dizer também que é uma responsabilidade. Precisamos pensar em como fazer isso, sem levar mais cem anos para chegar à resposta”, afirmou.

Maíra Menezes
23/05/2014
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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