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Construindo políticas globais em biodiversidade e saúde

Documento final da COP 12 reconhece colaboração da Fiocruz como ‘organização relevante’ no desenvolvimento de ações sobre o tema. Encontro reuniu delegações de 193 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica

Realizada na Coreia, a 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 12) encorajou os países a considerarem as conexões entre biodiversidade e saúde na construção de suas políticas públicas e a promover a cooperação entre os órgãos responsáveis pelas ações nestas duas áreas. O encontro, que terminou no dia 17/10, reuniu representantes de 193 países que participam da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), organismo de cooperação internacional criado durante a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92) para promover a preservação das espécies no planeta. Realizada periodicamente, a COP reúne os países membros da Convenção para decidir avanços nas políticas globais para o setor. Nesta edição do encontro, o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Daniel Buss foi um dos integrantes da delegação brasileira.

Em um documento especialmente dedicado às conexões entre biodiversidade e saúde, a COP 12 reconheceu a contribuição da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no desenvolvimento de ações que podem unir as estratégias de preservação do meio ambiente e promoção do bem estar da população. O texto recomenda que a CDB reforce a colaboração sobre o tema com ‘organizações relevantes’ na área, citando a Fiocruz e outras cinco entidades, como o Food and Agriculture Organization (FAO, órgão da Organização das Nações Unidas para a agricultura) e a International Union for the Conservation of Nature (IUCN, uma das maiores e mais antigas ONGs de meio ambiente). O documento destaca também a atuação da Fundação na organização de dois workshops regionais sobre biodiversidade e saúde. Promovidos pela CDB e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012 e 2013, os encontros reuniram integrantes dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e das Relações Exteriores, além de representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais de 26 países das Américas e de 24 nações da África. Clique aqui para acessar a resolução da COP 12 sobre biodiversidade e saúde.

Daniel Buss afirma que o Brasil já é reconhecido pela liderança nas discussões sobre diversidade biológica e a Fiocruz tem colocado sua capacidade técnica a serviço da construção de políticas globais, em parceria com a CDB e a OMS. “A participação da Fiocruz neste fórum de discussões é muito importante, pois ela atua diretamente em questões como produção de medicamentos e promoção da saúde, que podem ser afetadas pela perda da biodiversidade. O Brasil tem a maior variedade de espécies do mundo e um interesse estratégico nesta área. De um lado, os prejuízos da redução da biodiversidade afetam a todos. De outro, existem impactos econômicos para a preservação e é justo que estes custos sejam divididos, já que os benefícios da conservação também são partilhados por todos”, ressalta.

Ao lado de Manuela da Silva, assessora da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Daniel esteve na Coreia, representando o Ministério da Saúde na delegação brasileira enviada à COP 12. Eles participaram do encontro como assessores técnicos, contribuindo para o posicionamento dos diplomatas brasileiros nas discussões. O pesquisador utiliza um exemplo simples para demonstrar a ligação entre biodiversidade e saúde. “Grande parte dos medicamentos é gerada a partir de moléculas retiradas da natureza ou que mimetizam funções naturais. Logo, a extinção de espécies pode prejudicar o desenvolvimento futuro de medicamentos e vacinas”, afirma Daniel, acrescentando que existem muitos outros efeitos diretos e indiretos da conexão entre os dois assuntos. “A variedade de espécies é importante para o bem-estar da população; reforça a segurança alimentar e nutricional; ajuda a reduzir a carga patogênica de algumas doenças; contribui para a regulação do clima e a resistência e recuperação diante de eventos extremos. Pesquisas mostram até mesmo que em áreas com manguezais, a magnitude das tsunamis é menor do que nas regiões onde esta vegetação foi desmatada”, resume.

Elaborado desde 2012, um relatório sobre o conhecimento científico das relações entre biodiversidade e saúde teve a sua primeira versão apresentada na COP 12. Com o título ‘Connecting global priorities: biodiversity and human health – a state of knowledge review’ (em tradução livre: Conectando prioridades globais: biodiversidade e saúde humana – uma revisão do estado atual do conhecimento), a publicação é organizada pela CDB e a OMS, com a colaboração de cientistas de diversos países, incluindo pesquisadores da Fiocruz. Segundo Daniel, que é um dos autores do texto, o objetivo do projeto é fornecer bases científicas para as políticas públicas na área. “Na COP 11, realizada em 2012, houve um forte questionamento sobre a carência de estratégias unindo a proteção da diversidade biológica e a promoção da saúde. Este relatório surgiu para reunir evidências desta relação e para auxiliar os países a desenvolverem políticas conjuntas de biodiversidade e saúde pública. A Fiocruz é uma das instituições que mais têm contribuído para o projeto”, diz o pesquisador, que atua no Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC e é coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde e Biodiversidade da Fiocruz, órgão vinculado à Câmara Técnica de Saúde e Ambiente da Fundação.

Após o lançamento na COP 12, a primeira versão do livro deve receber sugestões de especialistas presentes no encontro. Estas contribuições serão analisadas pelos autores e incluídas na versão final da publicação. A previsão é de que o texto seja apresentado no Congresso Mundial de Saúde Pública, em fevereiro de 2015, em Calcutá, na Índia.


Maíra Menezes
17/10/2014
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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