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Centro de Estudos aborda mecanismos do vírus da dengue

O Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) recebeu na edição de dia 19 de maio a bioquímica argentina Andrea Gamarnik, do Laboratório de Virologia Molecular da Fundação Instituto Leloir, sediado em Buenos Aires , Argentina. O tema foi o estudo Mechanisms of Dengue Virus Replication , conduzido por uma equipe de seis pesquisadores e liderado por Andrea, que tem como objetivo central entender os mecanismos moleculares que levam à replicação do vírus com genoma RNA (ácido ribonucléico).

O modelo utilizado pela equipe da pesquisadora tem como objeto de estudo os vírus da família Flaviviridae, como o vírus da diarréia bovina, da Hepatite C e da dengue, doença responsável por 24 mil mortes em todo mundo a cada ano. "Na Argentina, só há casos na zona limítrofe do país - com Bolívia, Paraguai e Brasil -, mas não há tantos casos como no Brasil", observa. "Estes vírus representam sérios patogênicos para nossa sociedade, tornando-se essencial conhecer sua biologia molecular para poder planejar terapias antivirais." A bioquímica se disse impressionada com o número de grupos de pesquisa existentes no Brasil sobre o assunto. Ela lembrou que o vírus se manifesta de maneiras diferentes, de acordo com a região geográfica.

Atualmente, Andrea observa, não há vacinas que possam prevenir a infecção, nem remédios capazes de controlar a replicação viral. A fim de identificar elementos para desenvolver compostos com atividades antivirais, o laboratório argentino estuda processos moleculares que dão lugar à multiplicação do vírus da dengue. Os mecanismos que controlam a tradução e a amplificação do genoma viral estão geralmente regulados por complexos de RNA-RNA e RNA-proteínas, formados entre determinadas regiões não codificantes do genoma viral com proteínas celulares ou virais. "Nosso desafio é saber, por exemplo, se as moléculas de RNA interagem e de que forma isso é importante para a replicação do vírus", diz.

Métodos bioquímicos e genéticos

Para determinar a estrutura e a composição dos complexos requeridos para a replicação viral, o laboratório emprega métodos bioquímicos e genéticos. Os resultados são obtidos, Andrea explica, por meio da Microscopia de Força Atômica ( Atomic Force Microscopy , ou apenas AFM), que permite visualizar a replicação do vírus em alta definição e investigar as estruturas secundárias e terciárias do RNA. "Foi possível visualizar moléculas individuais de RNA", ressalta. O estudo da função destes complexos está sendo realizado por meio de distintos sistemas in vitro e in vivo , incluindo experiências com RNA viral em células de mamífero e mosquito e com RNA em ovócitos da Xenopus laevis (rã-africana).

Estes sistemas permitem dissecar bioquimicamente cada passo da replicação e estudar os mecanismos moleculares envolvidos no ciclo viral. Os estudos realizados pelo laboratório têm como objetivo entender a biologia molecular do vírus da dengue e de outros flavivírus, como primeiro passo para o desenvolvimento de terapias antivirais.

Atuam na equipe de Andréa os pesquisadores Diego Alvarez, Fernanda Lodeiro, Silvana Fucito, Claudia Filomatori, Juan Mondotte e Marcelo Samsa, todos mencionados individualmente por Andréa durante a palestra. Ela acrescentou ainda que o grupo de pesquisa possui uma parceria institucional com a Universidade de Buenos Aires. Outras informações sobre a Fundação Instituto Leloir estão disponíveis na página www.leloir.org.ar .

 

Por Gustavo Barreto e Raquel Aguiar
29/05/06

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