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Reflexões sobre a biodiversidade

Em um dos maiores encontros da América Latina sobre o tema, pesquisadores brasileiros e estrangeiros discutem o cenário atual da pesquisa em saúde e ambiente e as ações direcionadas às Coleções Biológicas

Em um período marcado por constantes ameaças – naturais e decorrentes da ação humana, ao conjunto de espécies de peixes, plantas, insetos e animais que compõem biomas em todo o planeta, especialistas brasileiros e de diversos países da América Latina se reuniram entre os dias 24 e 26 de novembro, na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para o ‘II Simpósio Latino-americano de Coleções Biológicas e Biodiversidade: Saúde e Ambiente’. Promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o encontro abordou diferentes pontos de vista acerca da biodiversidade, como atividades científicas, gestão, divulgação e conservação.

Durante a cerimônia de abertura do evento (24/11), a presidente do Simpósio, Delir Corrêa Gomes Maues da Serra Freire, chefe do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados do IOC, destacou que o encontro permitiu a integração entre pesquisadores de diversas instituições. “A biodiversidade, a saúde e o ambiente são temas de preocupação universal, por isso, é fundamental ter um espaço para amplas discussões na busca pela excelência das atividades científicas na área”, afirmou.

De acordo com o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o Simpósio foi uma oportunidade para avaliar os conceitos de conservação. “A biodiversidade sofre impactos de diferentes níveis, da ameaça às espécies causada pelas mudanças climáticas, como o aquecimento global, aos efeitos de menores dimensões, como as consequências dos modelos de produção agrícola. Discutir esses temas é essencial na contemporaneidade”, ressaltou Gadelha. Para o diretor do IOC, Wilson Savino, é necessário conscientizar os diversos setores da sociedade acerca da preservação. “Estamos num contexto em que a biodiversidade está sob ameaça, portanto é fundamental discutir as características que afetam este cenário de forma direta e indireta, como a legislação, a informação e a pesquisa”, afirmou.

Gutemberg Brito

Savino destacou a importância de uma discussão ampla que envolva os diversos setores da sociedade sobre temas sensíveis à biodiversidade


Vice-diretora de Serviços de Referência e Coleções Biológicas do IOC, Eliane Veiga Costa pondera que a preservação de acervos científicos é uma responsabilidade institucional. “As coleções biológicas abrigam um verdadeiro patrimônio para a biodiversidade, são fontes de conhecimento e potencial para a formação de pesquisadores. A troca de experiências que incentiva a preservação desses acervos científicos é primordial”, concluiu.

Protocolo de Nagoia e a Saúde

O Protocolo de Nagoia - acordo internacional que trata da repartição de benefícios dos recursos genéticos provenientes da biodiversidade dos países – norteou os debates na tarde do dia 24/11. Aprovado durante a 10ª Conferência das Partes (COP-10), da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizado em outubro de 2010, em Nagoia, no Japão, o protocolo entrou em vigor em outubro de 2014, após 50 ratificações necessárias.

Gutemberg Brito

De protocolos internacionais à divulgação científica, discussões em torno da biodiversidade marcaram o encontro


De acordo com a pesquisadora Eliane Cristina Pinto Moreira, professora da Universidade Federal do Pará, uma grande vantagem do documento é a contribuição para um ambiente estável, transparente e seguro para a realização das pesquisas. No entanto, mesmo tendo sido um grande ator no desenvolvimento do protocolo de Nagoia, o Brasil ainda reluta para ratificá-lo e prioriza a reestruturação de uma lei nacional de biodiversidade. “O ideal era que o Brasil tivesse aderido ao protocolo e posteriormente reformado o Marco da Biodiversidade, para que fosse compatível com o cenário internacional. Esse descompasso faz o país perder possibilidades de cooperação científica e até mesmo a confiança mútua para a realização dessas cooperações”, lamentou.

Segundo Márcia Chame, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), além de influenciar diversos aspectos na área da saúde, o protocolo de Nagoia também visa assegurar direitos das comunidades tradicionais, detentoras de conhecimentos singulares. Para a especialista, um dos pontos positivos do documento é priorizar as leis do país que fornece os recursos genéticos. “Uma grande quantidade de medicamentos no mundo é inspirada em moléculas naturais com base em plantas medicinais. Boa parte desse saber, construído ao longo da história por meio de experimentos, reside nas comunidades tradicionais, que podem orientar pesquisadores”, comentou.

Lucas Rocha e Max Gomes
01/12/2015
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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