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Mobilização sobre as hepatites virais alcança centenas pessoas

Além de atividades educativas, Ambulatório de Hepatites Virais realizou cerca de 500 testes rápidos. Desafios e perspectivas da doença foram debatidos durante edição especial do Centro de Estudos

Em comemoração ao ‘Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais’, celebrado em 28/07, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realizou uma série de ações de atividades sobre o tema, com ações de orientação e realização de testes rápidos. A data também foi marcada por uma edição especial do Centro de Estudos do IOC com a palestra sobre ‘Os desafios e perspectivas das hepatites virais no Brasil e no mundo’. Ao todo, mais de 600 pessoas foram alcançadas com a mobilização. As hepatites virais consistem na inflamação do fígado e são causadas, principalmente, por cinco tipos de vírus (A, B, C, D e E). Alguns deles podem agir silenciosamente por décadas sem a manifestação de sintomas. Quando o diagnóstico é feito tardiamente, o paciente pode apresentar um quadro avançado de cirrose ou câncer no fígado. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 514 mil pessoas estão infectadas com os vírus das hepatites no país.

Mobilização e informação: palavras-chave
Entre os dias 27 e 28 de julho, os corredores e salas do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC ficaram mais movimentados que o usual. Entre colaboradores da Fiocruz, pacientes e o público em geral, cerca de 500 pessoas receberam orientações e aconselhamentos sobre a doença. As atividades incluíram ainda a realização de testes rápidos para as hepatites B e C, HIV e sífilis, a distribuição de preservativos, além de ações educativas e de sensibilização sobre as doenças, consideradas sexualmente transmissíveis (DSTs). Foram aplicados 935 testes rápidos para as hepatites B e C, 451 para o diagnóstico de sífilis e 280 para detectar o HIV. A iniciativa foi realizada com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (ASFOC-SN), do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos e da equipe da cooperação social do IOC. “O aconselhamento e a realização de testes podem salvar vidas. A estratégia de conscientização é fundamental para que as informações cheguem a um público cada vez maior, como familiares e amigos, por exemplo. Muitos não sabem, mas podem estar infectados”, destacou Lia Lewis, chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC.

Alex Gomes/IOC/Fiocruz

No Centro de Estudos, as pesquisadoras ressaltaram a importância dos testes de diagnóstico para o tratamento adequado das hepatites virais, doenças silenciosas que podem não apresentar sintomas


Hepatites virais: desafios e perspectivas
No dia 29/07, a edição especial do Centro de Estudos do IOC atraiu um centena de participantes. As pesquisadoras Selma Gomes, do Laboratório de Virologia Molecular do IOC; Jaqueline Mendes, do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC; Claudia Vitral, da Universidade Federal Fluminense (UFF); e a médica Lia Lewis debateram os desafios e as perspectivas das hepatites virais no Brasil e no mundo.

Como em um alfabeto, os vírus das hepatites seguem uma ordem: vão de A a E. Primeiro e último, respectivamente, os tipos A e E possuem semelhanças nas formas de transmissão, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção. As enfermidades, que são transmitidas por meio do contato entre indivíduos ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes com a presença dos vírus (HAV e HEV), possuem maior índice de propagação em regiões sem tratamento de água e esgoto. A melhoria do saneamento básico e de hábitos de higiene tornam-se as principais estratégias de prevenção. “Precisamos lutar para que em todas as regiões a boa infra-estrutura sanitária alie-se à imunização”, destacou Claudia Vitral, professora da UFF. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina para a hepatite A é oferecida para crianças em 17 países, incluindo o Brasil.

No entanto, como não existe vacina disponível para a hepatite E, conforme explica Jaqueline Mendes, do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC, as medidas de prevenção devem ser priorizadas. Mendes destacou um agravante: a doença pode causar a morte de gestantes em consequência de casos fulminantes em locais de grande prevalência, como a África e a Ásia, por exemplo. “Ainda está em fase de estudo o que torna as mulheres em período gestacional mais suscetíveis ao desenvolvimento de casos mais graves”, disse.

Hepatite B: transmissão sexual
Mesmo com a existência de vacina e medicamentos, dados da OMS alertam que aproximadamente dois bilhões de pessoas já entraram em contato com o vírus da hepatite B (HBV) e 240 milhões são portadores crônicos da doença. De acordo com Selma Gomes, do Laboratório de Virologia Molecular do IOC, a infecção é considerada uma DST. “Além de ser transmitido por relação sexual, o vírus da hepatite B, que é altamente infeccioso e resistente, pode passar da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação”, salientou. Ainda segundo a pesquisadora, as diferentes características moleculares do vírus podem levar a quadros clínicos diversos e causar resistência aos medicamentos. A hepatite D, também chamada de Delta, é mais comum na região amazônica do Brasil. O vírus causador depende da presença do vírus do tipo B, por isso, as suas características gerais são semelhantes.

Avanços no combate à hepatite C
Médica responsável pelo Ambulatório de Hepatites Virais do IOC, Lia Lewis destacou os impactos da hepatite C para a saúde pública, como o alto custo dos medicamentos. A doença pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas ou de objetos de higiene pessoal, como lâminas de barbear ou alicates de unha. Em casos raros, o vírus também pode ser transmitido por relações sexuais sem preservativo. Os quadros clínicos mais graves podem evoluir para cirrose e câncer de fígado. “A hepatite C muitas vezes evolui de forma silenciosa. Esse é um desafio no Brasil e no mundo. É fundamental que haja investimento na distribuição de testes rápidos e o estímulo para que as pessoas façam o teste”, ponderou Lia.

A médica, no entanto, ressalta que houve avanço em relação ao tratamento nos últimos anos. Em 2015, o Ministério da Saúde passou a oferecer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) um novo medicamento para a hepatite C. O uso dos fármacos sufosbuvir, daclatasvir e simeprevir dobram as chances de cura em relação ao tratamento aplicado anteriormente. “A disponibilidade de novos medicamentos com índices que chegam a 90% de cura mostra que estamos acompanhando as principais tendências em desenvolvimento pelo mundo”, concluiu.

Reportagem: Lucas Rocha e Max Gomes
02/08/2016
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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