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Zika: o que vem a seguir?

Durante evento internacional sobre o vírus, pesquisadores discutiram as perspectivas relacionadas ao Zika, que já circula em 75 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde

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Virologistas, imunologistas, entomólogos, médicos pediatras e neurologistas, entre outros especialistas, têm se dedicado, ao longo do último ano, a tentar explicar uma série de questões em torno do vírus Zika. No entanto, muitas perguntas ainda permanecem sem resposta. Quais danos a infecção pelo vírus pode deixar no organismo de crianças e adultos? Como desenvolver estratégias mais eficazes de prevenção? Quais estímulos podem melhorar a qualidade de vida de crianças afetadas com malformações? As lacunas no conhecimento médico e científico e as perspectivas para uma próxima epidemia foram tema das discussões do último dia do evento ‘Zika’, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Academia Nacional de Medicina (ANM) e Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Estamos diante de um futuro difícil, mas a comunidade científica está unida e se mostra cooperativa na busca por responder, de forma eficiente, às questões que afetam a população, incluindo o vírus Zika”, destaca Wilson Savino, diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e um dos organizadores do evento. Realizada na sede da ANM, no Rio de Janeiro, entre 7 e 10 de novembro, a iniciativa contou com os simpósios ‘The Zika menace in Americas: challenges and perspectives’ e ‘One year after the announcement of the national public health emergency in Brazil: lessons, achievements and challenges’.

Gutemberg Brito

Wilson Savino, diretor do IOC, destacou o empenho da comunidade científica na busca por desvendar os mecanismos de atuação do vírus no organismo humano e a pesquisa voltada para o controle do vetor


Os pesquisadores apontam a associação entre a infecção de gestantes pelo vírus Zika e o nascimento de crianças com microcefalia, entre outras alterações neurológicas, como uma das mais relevantes descobertas da comunidade científica global no último ano. “O que se sabe sobre o vírus Zika hoje é resultado do empenho de pesquisadores do mundo todo e, particularmente, do Brasil, que estudam o controle e comportamento do mosquito Aedes aegypti, as interações entre o vírus e o sistema nervoso, os danos causados no organismo de crianças e adultos e os impactos para a vida das famílias afetadas”, ressaltou Savino. A proximidade do verão acende o alerta para o possível aumento na transmissão do vírus. Com o aumento das temperaturas e das chuvas, o mosquito transmissor encontra o ambiente ideal para proliferar. “É importante que as pessoas utilizem dez minutos por semana para fazer uma verificação completa em suas residências, buscando eliminar potenciais criadouros do mosquito. Isso pode ajudar a prevenir Zika, dengue e chikungunya”, destacou Savino.

O impacto social da microcefalia

A médica da maternidade pública de Campina Grande, na Paraíba, Adriana Melo, foi uma das primeiras no país a identificar o número crescente de crianças nascidas com microcefalia, ainda em outubro de 2015. Para tentar entender o que poderia estar por trás das malformações, a médica enviou, para análise no Laboratório de Flavivírus do IOC, no Rio de Janeiro, amostras do líquido amniótico de duas gestantes, que tiveram os fetos diagnosticados com microcefalia através de exames de ultrassonografia. Os resultados da análise, realizada em novembro do ano passado, constataram a presença do genoma do vírus Zika nas amostras. “Estamos no segundo ciclo da doença no Nordeste, mas ainda permanecem dúvidas quanto à imunização das pessoas que já foram infectadas pelo Zika, por exemplo”, destacou Adriana.

Gutemberg Brito

Uma das primeiras pesquisadoras a identificar o aumento no número de casos de microcefalia na Paraíba, Adriana Melo destacou a importância da integração entre pesquisas de diferentes áreas


A pesquisadora ressaltou o empenho das pesquisas realizadas na região Nordeste do país, uma das mais afetadas pelo vírus. “O enfrentamento ao Zika requer a integração de esforços de diferentes tipos de pesquisa, do controle do vetor à atenção à saúde de gestantes e de crianças. Não podemos subestimar um vírus”, enfatizou. Ela avalia que o primeiro ano da epidemia de Zika deixa lições para cientistas e gestores da área da saúde. “Além de investir em estratégias de combate ao vetor, é fundamental priorizar melhorias nas condições sanitárias, como o fornecimento de água tratada e saneamento básico”, concluiu.

Reportagem: Lucas Rocha
Edição: Raquel Aguiar
11/11/2016
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