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Das metáforas de guerra nas campanhas de controle do Aedes ao uso de derivados da cloroquina no combate ao vírus Zika, variadas linhas de estudo tiveram espaço na seção de pôsteres

Pesquisas sobre tratamentos, testes de diagnóstico, epidemiologia, mecanismos da doença e abordagens das ciências humanas foram apresentadas no evento ‘Zika’

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O desenvolvimento de derivados do antimalárico cloroquina com maior potencial de ação sobre o vírus Zika, a padronização de um teste de diagnóstico sorológico para o agravo e a análise sobre a eficácia das metáforas de guerra em campanhas contra o mosquito Aedes aegypti foram alguns dos temas abordados por estudos durante a seção de pôsteres do evento internacional ‘Zika’, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Academia Nacional de Medicina (ANM) e Academia Brasileira de Ciências (ABC). Contemplando aspectos variados da doença, incluindo tratamentos, testes de diagnóstico, epidemiologia, mecanismos da infecção e questões sociais, onze pesquisas foram apresentadas em 09/11, na seção mediada pela pesquisadora Flávia Barreto dos Santos, do Laboratório de Imunologia Viral do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Foto: Gutemberg Brito / Arte: Jefferson Mendes

Em sentido horário, Débora Barreto Vieira, Giselle Barbosa Lima, José Henrique Linhares, Marisa Ribeiro, Maria Goreti Freitas, Nádia Martinez, Camila Helena de Menezes e Paula Borges, autores de pôsteres apresentados no evento

Com participação de pesquisadores da Fiocruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Aberdeen e Chemsol, na Escócia, o estudo apresentado pela pós-doutoranda Giselle Barbosa Lima testou o efeito sobre o vírus Zika de 20 moléculas análogas do medicamento cloroquina, usado no tratamento da malária. “A cloroquina é uma das poucas moléculas com efeito contra o Zika com segurança para uso na gravidez. Porém, a sua potência contra o vírus é baixa”, explicou a primeira autora do estudo. Os teste em cultura de células identificaram dez moléculas com atividade superior à da cloroquina, com destaque para um composto que apresentou 15 vezes mais efeito sobre o patógeno. “Isso indica que é possível melhorar a estrutura química da cloroquina para o desenvolvimento de terapias futuras”, finalizou Giselle.

Um dos desafios para o enfrentamento do vírus Zika, o desenvolvimento de um teste de diagnóstico capaz de detectar a presença de anticorpos contra a doença – chamado de teste sorológico – foi o tema do trabalho apresentado pelo farmacêutico José Henrique Rezende Linhares, do Laboratório de Tecnologia Virológica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Com a colaboração de pesquisadores da Vice-diretoria de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, o estudo buscou padronizar um teste de neutralização de redução de placas (PNRT, na sigla em inglês), metodologia considerada padrão-ouro para o diagnóstico sorológico de outras infecções, incluindo a dengue. Segundo José Henrique, apesar da reação cruzada entre os anticorpos das duas doenças, a pesquisa indica que é possível padronizar o teste PNRT para Zika. "Observamos que as amostras nas quais havia anticorpos para dengue foram reativas no teste que buscava detectar anticorpos para Zika. Porém, as amostras realmente positivas para Zika apresentaram um nível muito maior de resposta", disse o primeiro autor do trabalho. "Os testes sorológicos são muito importantes não apenas para o diagnóstico da doença, mas também para a avaliação das vacinas que estão em desenvolvimento", ressaltou.

A antropóloga Denise Nacif Pimenta, pesquisadora do grupo de pesquisa clínica e políticas públicas em doenças infecciosas e parasitárias do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz-Minas), discutiu em seu trabalho a presença de metáforas de guerra em campanhas para eliminação do mosquito Aedes aegypti. Desenvolvido em coautoria com o Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC, o estudo mostra que, há mais de um século, palavras como guerra, combate e inimigo são frequentes nos discursos relacionados ao mosquito. Considerando a baixa eficácia dessas ações, a pesquisadora afirma que é importante realizar uma análise crítica dessa linguagem, a partir da perspectiva das ciências sociais. "O discurso da guerra externaliza o problema da dengue e de outras doenças transmitidas pelo Aedes, colocando a culpa no mosquito e enfatizando unicamente a perspectiva técnica para a sua eliminação. No entanto, o conceito de produção social da doença aponta que as enfermidades têm estreita relação com os modos de vida, o que inclui condições de moradia, saneamento e outros aspectos que não são considerados por essa abordagem", afirmou Denise.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Raquel Aguiar
11/11/2016
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