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"Se você acha que a pesquisa é cara, tente a doença"

Segundo dia do III Simpósio de Pesquisa do IOC trouxe para a discussão os desafios relacionados ao financiamento da produção científica no Brasil. Evento continua nesta quarta-feira

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O segundo dia de atividades do III Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em 28/03, foi marcado por discussões em torno dos desafios relativos ao financiamento da produção científica no Brasil. O tema foi alvo das apresentações de Jerson Lima e Silva, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e Rodrigo Correa-Oliveira, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz (VPPCB/Fiocruz). A programação contou, ainda, com a palestra ‘Interface pesquisa/inovação: uma vacina para esquistossomose’, ministrada por Miriam Tendler, pesquisadora do Laboratório de Esquistossomose Experimental do Instituto. Os temas ‘Desenvolvimento científico e Política de Acesso Aberto à Informação’ e ‘Pesquisa e Serviço de Referência: Como é este binômio?’ também deram tônica ao penúltimo dia de evento.

Foto: Gutemberg Brito

Discussões em torno dos desafios relativos ao financiamento da produção científica no Brasil deram tônica ao segundo dia do evento

Agências financiadoras em foco
Principais provedoras da produção científica brasileira, as agências de fomento à pesquisa e inovação vêm sofrendo os efeitos da situação política e econômica do país. Segundo o diretor científico da Faperj, Jerson Lima, o que vinha num ritmo promissor desde 2003, há três anos passou a sofrer uma queda vertiginosa. "De 2006 a 2014, a Faperj viveu anos de ouro com o aumento da receita do Estado e o cumprimento do repasse de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para Ciência e Tecnologia. No último triênio, o número de editais lançados diminuiu gradativamente devido à recessão financeira do Estado. Este ano, por exemplo, se a situação político-econômica não melhorar, a perspectiva de lançamento de algum edital é pequena", enfatizou Jerson, contrapondo que, apesar da crise, a ciência brasileira cresceu bastante nas últimas três décadas. "No período de 1980 a 2010, houve um crescimento relevante da produção científica no país e no mundo. Isso se deu, em grande parte, graças ao aumento do número de pós-graduações, que, nos últimos 12 anos, passou por uma evolução histórica de 209%", disse.

Foto: Gutemberg Brito

Jerson Lima ressaltou que, no último triênio, o número de editais lançados diminuiu gradativamente devido à recessão financeira do Estado

Jerson ressaltou que o oferecimento de condições efetivas para a produção científica no Brasil garante o desenvolvimento econômico da nação e incentiva o processo inovador nos laboratórios de pesquisa. "Se você acha que a pesquisa é cara, tente a doença. Esta foi a frase que a ativista Mary Lasker disse ao então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, quando o mesmo decidiu diminuir a verba para ciência e tecnologia. Acho que podemos repeti-la para os nossos governantes”, finalizou. Mary teve um papel relevante no rápido crescimento da pesquisa biomédica nos Estados Unidos, no pós Segunda Guerra Mundial.

Sustentabilidade à pesquisa na Fiocruz
Em sua apresentação, o pesquisador Rodrigo Correa-Oliveira destacou as quatro áreas de atuação da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz: geração e difusão do conhecimento de excelência; pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico; aprimoramento das redes de plataformas; e ações estratégicas de pesquisa translacional. Ele também contextualizou o atual cenário de CT&I na instituição e apresentou as propostas da Fundação para incentivar e alavancar a inovação nos laboratórios de pesquisa. “Os projetos precisam de integração com a cadeia de inovação, que, por sua vez, necessita estar relacionada à interação entre os envolvidos, seja no contexto institucional, regional, nacional ou internacional”, comentou.

Foto: Gutemberg Brito

Sobre a sustentabilidade à pesquisa, Rodrigo Correa-Oliveira destacou que o principal problema ainda está atrelado ao pouco entendimento do papel da ciência no desenvolvimento econômico e social de um país

Sobre a sustentabilidade à pesquisa e os desafios da inovação no cenário científico, Oliveira ressaltou que o principal problema enfrentado pela Vice-Presidência ainda está atrelado ao pouco entendimento do papel da ciência no desenvolvimento econômico e social de um país. “A baixa cultura institucional para o compartilhamento, interações e parcerias, a pouca cooperação com a indústria e a falta de avaliação dos programas de pesquisa estão entre os principais gargalos da inovação na Fiocruz”, elencou.

Segundo Rodrigo, a proposta para a sustentabilidade da cadeia de inovação na instituição gira em torno da otimização e racionalização do uso dos equipamentos de pesquisa; da cooperação com outras instituições e setores da sociedade civil; da agilidade e qualidade na gestão dos recursos; e dos mecanismos de avaliação dos projetos mais relevantes e produtivos. “Está inserido nesta proposta o mapeamento dos projetos que possuem caráter inovador em nossa instituição. É um processo interessante, que reforça a cultura da inovação a partir do laboratório”, completou.

Reportagem: Kadu Cayres
Edição: Raquel Aguiar
28/03/2017
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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