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A avaliação quadrienal da Capes pela perspectiva dos envolvidos

Segundo e terceiro dias da ‘Semana da Pós-graduação’ contaram com palestras dos coordenadores dos Programas do IOC, da coordenadora da área de Ensino da Capes e de docente da Universidade de São Paulo

A tarde do dia 26 de setembro, segundo dia de atividades da Semana de Pós-graduação Stricto sensu do IOC, foi destinada a apresentação dos sete coordenadores dos Programas de Pós do Instituto em relação do desempenho alcançado pelos seus respectivos cursos na avaliação quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), divulgada em 19/09, referente ao período de 2013 a 2016. A mesa-redonda ‘Avanços na pós-graduação: avaliação quadrienal da Capes’ contou com a participação dos pesquisadores Cleber Galvão, Leila de Mendonça Lima, Ernesto Caffarena, Rafael Freitas, Martha Mutis, Lucia Rodriguez de La Rocque e Fernando Genta.

Gutemberg Brito

Os sete coordenadores dos Programas de Pós do Instituto destacaram o desempenho alcançado pelos respectivos cursos na avaliação quadrienal da Capes

A abertura das apresentações ficou a cargo de Cleber Galvão, coordenador da Pós em Biodiversidade e Saúde, que viu seu conceito atingir a nota 5, considerado muito bom. “Na avaliação anterior, nós tínhamos apenas um ano e meio de formação, logo, não pudemos participar. Conseguimos alcançar a nota 5 devido a diversas ações, com destaque para a atualização do corpo docente, a internacionalização do programa e a mudança no ingresso de novos estudantes no mestrado e doutorado”, comentou. “Nosso objetivo, agora, após a avaliação, é descentralizar os processos seletivos, fazendo com que eles aconteçam simultaneamente em vários estados brasileiros; conquistar maior aporte de bolsas de estudos e continuar a promover workshops e parcerias com colaboradores de outros países”, acrescentou.

O coordenador do Programa de Biologia Computacional e Sistemas, Ernesto Caffarena, destacou que muitas das características da Pós em Biodiversidade e Saúde são semelhantes as de seu programa, devido ao tempo de criação. “O programa foi criado em 2008 e, em 2009, tivemos uma avaliação. Não fomos beneficiados na primeira; na segunda (2009-2012), conquistamos o conceito 4; e agora, na terceira, atingimos a nota 5, que equivale ao índice muito bom. A comissão que conduziu o processo levou em consideração pontos como: a atuação do programa em rede, com o oferecimento de disciplinas transversais; a formação diversificada de nossos docentes, o que configura interdisciplinaridade; e a nossa produção intelectual que, somente no quadriênio 2013 -2016, atingiu 210 artigos, sendo 114 em periódicos Qualis A1”, comemorou.

Para Leila de Mendonça Lima, à frente do Programa de Biologia Celular e Molecular, ações como a realização de seminários de acompanhamento discente, cursos de férias ministrados por mestrandos e doutorandos, além da expressiva renovação do corpo docente nos últimos 10 anos, foram alguns dos aspectos que contribuíram para que o Programa mantivesse o conceito 7, nota máxima equivalente a padrões internacionais de excelência. “Para a manutenção da qualidade do resultado, destaco alguns desafios centrais: nucleação de novos programas em estados que não possuíam cursos credenciados pela Capes; desenvolvimento de ferramentas para o acompanhamento dos egressos; incremento do esforço de internacionalização e garantia de melhorias da infraestrutura das salas de aula e dos laboratórios”, apontou a coordenadora.

Coordenador da Pós-graduação em Biologia Parasitária, Rafael Freitas destacou que, para um curso ser considerado de excelência pela Capes, que também é o caso do Programa, precisa implementar medidas que assegurem ao discente uma formação qualificada. Segundo ele, o estímulo ao intercâmbio e à participação em eventos internacionais, além da realização de cursos e disciplinas com professores estrangeiros, são alguns passos para a conquista, assim como a participação de estudantes em publicações. “Fiquei frustrado com um aspecto da avaliação: ela se limita a ser apenas descritiva. Não recebemos um feedback mais complexo em relação à nossa atuação”, queixou-se o coordenador, salientando que um dos pontos fortes do Programa são as ações voltadas para a internacionalização. “No nosso processo seletivo para doutorado, por exemplo, os candidatos de outros países podem apresentar o projeto por slides, via Skype. A internacionalização é uma iniciativa importante, porém difícil de fazer”, completou.

Sobre a conquista da nota 6, Martha Mutis, à frente da Pós-graduação em Medicina Tropical, ressaltou o aumento do número de defesas de doutorado e o intercâmbio com órgãos nacionais e internacionais por meio do Programa Internacional de Pós-graduação em Ciências da Saúde, em Moçambique, e do Doutorado Interinstitucional (Dinter) em Medicina Tropical, promovido pelo IOC em colaboração com a Universidade Federal do Ceará (UFC). “Um dos pontos a ser trabalhado nos próximos anos é o estímulo à captação de recursos em agência de fomentos, especialmente as internacionais”, adiantou.

Também avaliada com conceito 6, a Pós em Ensino em Biociências e Saúde teve entre os fatores que contribuíram para a elevação da nota, a diversidade nas temáticas das disciplinas e o fato de o curso ser visto como um instrumento de inserção social. “Boa parte de nossos discentes trabalha como professor em escolas públicas. Além disso, formamos profissionais que irão atuar na graduação, fato este que contribui bastante na formação de multiplicadores”, contou a coordenadora Lucia Rodriguez de La Rocque.

O Programa de Pós-graduação em Vigilância e Controle de Vetores, criado em 2016, não foi submetido ao processo de avaliação. Credenciado com conceito 3 na categoria de Mestrado Profissional, o curso tem recebido elogios, segundo o coordenador Fernando Genta, devido à proporção equilibrada dada as atividades teóricas e práticas na grade curricular. “O Programa é um pouco diferente dos outros. Pela variedade de localidades dos discentes, escolhemos uma semana no mês para concentrar todas as aulas, por exemplo”, afirmou, destacando a necessidade de garantia das condições de infraestrutura para o pleno desenvolvimento das atividades de Ensino.

A avaliação, segundo a Capes e a USP
Para ouvir a opinião de profissionais que atuam em outras instituições, a Comissão Organizadora da Semana preparou a mesa-redonda ‘Os desdobramentos da avaliação quadrienal da Capes’, que contou com a participação da pesquisadora do IOC e coordenadora da área de Ensino da Capes, Tania Araújo-Jorge, e do representante do Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-graduação (FOPROP) e docente da Universidade de São Paulo (USP), Márcio de Castro Silva Filho. A atividade aconteceu na tarde de quarta-feira, dia 27/09.

Gutemberg Brito

Márcio de Castro Silva Filho e Tania Araújo-Jorge participaram da mesa-redonda ‘Os desdobramentos da avaliação quadrienal da Capes’

As principais discussões em torno da área de Ensino e quais possíveis mudanças irão acontecer na avaliação da Capes no próximo quadriênio foram alguns dos pontos abordados por Tania. Segundo ela, as comissões de avaliação trabalharam com a diretriz de realizar uma análise construtiva, que fortalecesse a cooperação mais do que a competição entre os programas da área de Ensino. “O intuito foi, justamente, evitar ‘rankings’. Os pareceres procuraram evidenciar quais foram os pontos fortes e fracos de cada programa para, ao final, deliberar sobre três possibilidades: manutenção da nota, progressão ou redução. A responsabilidade de cada decisão foi assumida por toda a comissão durante deliberação em sessão plenária”, esclareceu.

Já Márcio de Castro trouxe para o debate reflexões em torno do papel da avaliação quadrienal no crescimento, consolidação e qualidade dos programas de pós-graduação do país. “Existe um esgotamento do formato atual. Os programas estão buscando se adaptar aos critérios elaborados pela Capes, e perdendo o foco no maior objetivo que é a formação e a qualidade. Precisamos refletir se deve existir apenas uma avaliação para os mais de 4.500 programas espalhados pelo Brasil. Ainda existem poucos critérios para estratificar essa gama de cursos”, ponderou.

O representante do FOPROP comentou, também, sobre as ações que a USP está colocando em prática para aumentar sua atuação no exterior. “Oferecemos R$ 20 mil para até cem programas de Pós que optassem por uma grade curricular com 30% das ementas em língua inglesa ou sendo ministradas no idioma. Além disso, estabelecemos um acordo com a Capes para oferecer 15 vagas a pesquisadores/professores do exterior interessados em lecionar na USP”, disse.

Reportagem: Kadu Cayres
Edição: Vinícius Ferreira
28/09/2017 -Atualizado em 30/10/2017
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