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Novos pesquisadores eméritos da Fiocruz

Reconhecimento pelos serviços prestados à instituição foi concedido nas comemorações de 119 anos da Fundação

Após mais de 50 anos de contribuições para a ciência e a saúde, e em permanente atividade no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), os pesquisadores Euzenir Nunes Sarno e Renato Cordeiro foram reconhecidos como Pesquisadores Eméritos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Um dos mais importantes títulos da instituição, a honraria é concedida pelo Conselho Deliberativo da Fundação após avaliação da trajetória dos cientistas, atestando o mérito excepcional e relevantes serviços prestados. A cerimônia de entrega dos diplomas foi realizada no dia 31 de maio, encerrando as comemorações pelos 119 anos da Fiocruz, celebrados no dia 25 do mesmo mês, em data compartilhada com o IOC. O evento também concedeu o título a Alzira de Almeida, do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-Pernambuco); Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz); e Paulo Zech, do Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas).

Foto: Gutemberg Brito

A cerimônia de entrega de diploma aos novos Pesquisadores Eméritos encerrou as comemorações pelos 119 anos da Fiocruz

A apresentação da Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí, projeto social desenvolvido pelo Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, unidade da Fiocruz em Petrópolis, abriu a cerimônia. Composto por estudantes da rede pública, o conjunto foi regido pelo maestro Celso Franzen Jr, coordenador pedagógico da iniciativa. A mesa do evento reuniu a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima; o diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite; a diretora da Fiocruz-Minas, Zélia Profeta; o diretor da Fiocruz-Pernambuco, Sinval Brandão Filho; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), Paulo Garrido.

A presidente da Fiocruz apresentou uma nova iniciativa para homenagear as personalidades agraciadas com títulos concedidos pelo Conselho Deliberativo da instituição: a ‘Galeria de Honra’ do portal Fiocruz. Desenvolvida pelo Instituto de Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) em parceria com a Presidência, a página apresenta informações sobre os pesquisadores e professores eméritos e honorários, assim como os doutores honoris causa. Citando a largada nos preparativos para a celebração pelos 120 anos da Fiocruz, Nísia enfatizou a importância dos pesquisadores eméritos na construção de propostas para o futuro. “Todos vocês são pessoas que não trabalharam apenas em prol dos seus laboratórios e grupos de pesquisa. São construtores institucionais. São pessoas que continuam a dar contribuições não só para a Fiocruz, mas para a saúde, a ciência e a sociedade brasileira”, declarou.

Foto: Gutemberg Brito

Formada por estudantes da rede pública, a Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí se apresentou no evento

O diretor do IOC ressaltou que a atuação dos pesquisadores eméritos deve inspirar as novas gerações de cientistas. “Assim como os estudantes que compõem a Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí têm um olho na partitura e outro no maestro, nós temos um olho no caminho e outro em vocês, pois vocês nos orientam e nos inspiram. Vocês são nossos maestros”, afirmou José Paulo.

Liderança contra doença negligenciada
Primeira mulher do IOC a receber o título de Pesquisadora Emérita, Euzenir dedicou a maior parte da sua carreira aos estudos, à formação de pesquisadores e à construção de políticas públicas com foco no enfrentamento da hanseníase. Ao receber o diploma, ela compartilhou o título com sua equipe. “Sem meus alunos de mestrado e doutorado, sem minha equipe, sem as pessoas que construíram minha carreira, eu não estaria aqui. Ao ingressar na Fiocruz, minha maior preocupação foi construir um grupo nacional de pesquisa em hanseníase. Entre todas, a doença mais negligenciada e estigmatizada, que continua fazendo 30 mil novos casos por ano no Brasil. Qualquer que tenha sido minha contribuição de pesquisa, acredito que ela é menor do que minha contribuição para saúde pública. O mérito é das pessoas que estiveram comigo”, afirmou.

Foto: Gutemberg Brito

Euzenir Nunes Sarno destacou o esforço para construção de um grupo nacional de pesquisa em hanseníase

Médica formada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública em 1963, Euzenir especializou-se em anatomia patológica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e realizou o concurso de livre docência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), obtendo o título equiparado ao doutorado. Foi professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) de 1967 a 1986, quando assumiu a chefia do Laboratório de Pesquisa em Hanseníase do IOC. No Instituto, participou da criação do Ambulatório Souza Araújo, que realiza diagnóstico, tratamento e prevenção da hanseníase, atuando como serviço de referência nacional junto ao Ministério da Saúde. Orientou 83 teses e dissertações e publicou 351 artigos, contribuindo para a formação de pesquisadores e importantes descobertas. Entre outros achados, resultados de suas pesquisas contribuíram para a implantação da poliquimioterapia para a hanseníase no Brasil e para o tratamento de fenômenos reacionais da doença, assim como ajudaram a identificar o papel protetor da vacina BCG no agravo e apontaram fatores de risco de adoecimento, além de promover avanços nos métodos de diagnóstico e revelar mecanismos da patologia.

Além de chefe do Laboratório de Hanseníase, Euzenir foi chefe do Departamento de Medicina Tropical do IOC e vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Científico da Fiocruz. Atuou ainda na elaboração de políticas nacionais e internacionais para hanseníase como membro do grupo de aconselhamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do comitê técnico assessor da Coordenação Nacional de Hanseníase do Ministério da Saúde. Docente em três programas de pós-graduação do IOC, a pesquisadora emérita permanece como bolsista de produtividade em pesquisa nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Ampliação da área da farmacologia
Ao receber o diploma de Pesquisador Emérito, Renato recordou os desafios enfrentados pelos cientistas brasileiros, especialmente do IOC, no período da ditadura militar. “Dedico essa honraria ao meu pai científico, Haity Moussatché; aos pesquisadores cassados no ‘massacre de Manguinhos’; a Walter Oswaldo Cruz e a todos os pesquisadores e professores que se dedicaram nos últimos anos a fazer muita balbúrdia e pesquisa de excelência”, declarou. Citando os recentes cortes no orçamento das áreas de ciência e tecnologia e da educação, ele fez um alerta para a situação atual da atividade científica no país. “Corremos o risco real de assistir ao extermínio das conquistas das últimas décadas e à asfixia de uma nova geração de pesquisadores, promovendo uma fuga de cérebro para países de primeiro mundo”, afirmou.

Foto: Gutemberg Brito

Renato Cordeiro ajudou a reconstruir as pesquisas na área da farmacologia no IOC após as perdas durante a ditadura militar

Estagiário do Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica do IOC de 1967 a 1970, Renato foi afastado do Instituto após a cassação de seu orientador, o renomado pesquisador Haity Moussatché, pela ditadura militar, no episódio conhecido como ‘massacre de Manguinhos’. Só retornou à instituição 16 anos depois, quando ocorreu a reintegração dos cientistas cassados. Convidado pelo mestre e pelo então presidente da Fiocruz, Sergio Arouca, ajudou a reconstruir as pesquisas no campo. Além de estabelecer importantes linhas de estudo ligadas à farmacologia do processo inflamatório e de produtos naturais, foi chefe do Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica; um dos fundadores e coordenador do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC; vice-presidente de Pesquisa e Ensino da Fiocruz e diretor do IOC.

O legado para a ampliação da área da farmacologia vai além dos muros de Manguinhos. Formado em ciências biológicas pela então Universidade do Estado da Guanabara, atual Uerj, Renato realizou doutorado na Faculdade de Ciências Médicas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Antes de retornar ao IOC, atuou na Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Uerj, estabelecendo grupos de pesquisa e participando da criação e coordenação de programas de pós-graduação em diferentes regiões do país. Entre outras atividades relevantes para a política científica nacional, foi o primeiro coordenador do Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea), vinculado ao então Ministério da Ciência e Tecnologia. Foi ainda presidente da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE), fundador e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Inflamação (SBI) e diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências da América Latina (Acal), Renato é, atualmente, pesquisador sênior do CNPq e coordenador do Núcleo de Estudos Avançados do IOC.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Vinicius Ferreira
06/06/2019
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