Pesquisador do CDC debate agravos causados por bactérias do gênero Bartonella
Na última segunda-feira, 24 de março, foi realizada no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) uma palestra sobre as bactérias do gênero Bartonella sp., da família Bartonellaceae, responsável por uma série de zoonoses e doenças humanas pouco conhecidas, porém graves, como a bartonelose e a doença da arranhadura do gato. O evento foi promovido pelo Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC, Referência Nacional em Rickettsioses, doenças que incluem as bartoneloses, e contou com a presença do pesquisador Gregory Dasch, do Center for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.
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Gutemberg Brito |
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Pesquisadores do IOC e de diversos outros centros de pesquisa debateram o atual estágio dos estudos sobre bartoneloses |
O pesquisador abordou a história da pesquisa sobre o gênero Bartonella, as dificuldades de trabalhar com essas bactérias e o estágio atual dos estudos na área. A palestra, que reuniu na platéia profissionais do IOC e de diversos institutos de pesquisa, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense, teve como objetivo, segundo Dasch, divulgar a importância do estudo da Bartonella e fomentar o debate científico e o interesse por pesquisas mais profundas sobre o tema. “O Brasil é um país único, com um histórico de grandes cientistas e onde percebo que há um interesse muito intenso dos novos pesquisadores”, afirmou. “Por isso, este tipo de encontro ajuda a educar os jovens pesquisadores, que vão aprender e pensar sobre esses temas no futuro.”
As bactérias do gênero Bartonella sp. são responsáveis por diversas ameaças à saúde humana, além de várias zoonoses. Entre elas, estão a bartonelose, a mais comum na América do Sul, transmitida pelo flebotomíneo (mesmo inseto vetor da leishmaniose), e a doença da arranhadura do gato, transmitida pelo gato doméstico, que em geral causa lesões na pele, mas que pode ser fatal em pessoas vivendo com do vírus da Aids, por exemplo. “Apesar de poder ocasionar casos graves com complicações cardiovasculares e neurológicas, elas são pouco conhecidas pelos médicos, em especial no Brasil, e, portanto, de difícil diagnóstico”, afirmou a pesquisadora Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses, na abertura do evento. “Há uma grande subnotificação de casos.”
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Gutemberg Brito |
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Para o pesquisador norte-americano Gregory Dasch o desconhecimento sobre a doença e as dificuldades de diagnóstico são os principais problemas relacionados à bartonelose |
Para o especialista norte-americano, esse desconhecimento é uma combinação de fatores naturais e sociais. “Em geral, o diagnóstico das bartoneloses é complicado e cada caso pode apresentar uma série de sintomas atípicos”, explicou. “Outro problema é a falta de investimento em pesquisa, pois cada país tem que lidar com uma série de outras ameaças à saúde pública, muitas vezes mais perigosas para a população.”
Dasch, que já esteve outras duas vezes no Brasil para promover a pesquisa sobre Bartonella sp., afirma que ainda se conhece muito pouco das doenças causadas por estas bactérias. “Estamos na infância das pesquisas sobre essas espécies”, opinou. “Por isso, encontros como esse são oportunidades que podem ajudar a conhecer melhor estes organismos e o ciclo das doenças que causam, o que pode facilitar bastante as etapas de diagnóstico e de tratamento das mesmas.”
Para o pesquisador, são necessários mais conhecimentos, por exemplo, em genômica e fisiologia, para entender melhor os mecanismos de atuação dessas bactérias, e em imunologia - principalmente no que se refere aos aspectos crônicos das doenças que causam. “Acredito que educando médicos sobre o diagnóstico e as formas de tratamento, vamos ter uma idéia mais precisa da gravidade desse problema em países como o Brasil e poderemos, certamente, ajudar muitas pessoas que hoje não recebem tratamento adequado.”
Marcelo Garcia
27/03/2008
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