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Da peste bubônica à Covid-19: IOC completa 120 anos de respostas para a saúde pública

Enfrentamento de emergências marca a trajetória do Instituto, que integra, desde os primeiros anos, pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico, inovação, serviços de referência e coleções biológicas

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 120 anos nesta segunda-feira, 25 de maio, mobilizado para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. Referência laboratorial para a doença nas Américas junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), a Unidade atua no diagnóstico, na capacitação de profissionais e no desenvolvimento tecnológico, assim como em diversas linhas de pesquisa sobre o novo agravo, que vem concentrando esforços da comunidade científica mundial. Ao mesmo tempo, mantém atividades essenciais de atendimento a pacientes e diagnóstico para outras doenças e assegura, por meio do rodízio e do trabalho remoto, a continuidade de diferentes estudos científicos, a formação de recursos humanos e a preservação dos acervos biológicos, no contexto das orientações de distanciamento social. Para celebrar a data, uma programação especial de aniversário foi preparada.

Os desafios trazidos pelo novo coronavírus são inéditos. Porém, a resposta a emergências de saúde é uma marca da trajetória do IOC. Em 25 de maio de 1900, o então ‘Instituto Soroterápico Federal’ iniciou suas atividades com o objetivo de produzir soro e vacina para a peste bubônica, que provocava uma epidemia na cidade de Santos, em São Paulo. Combinando pesquisa e produção, em menos de seis meses, a equipe sob liderança científica de Oswaldo Cruz aperfeiçoou os protocolos existentes e conseguiu fabricar ambos os produtos com qualidade reconhecida internacionalmente.

“O IOC tem em seu DNA 120 anos de lutas, perdas, sobretudo no episódio conhecido como ‘Massacre de Manguinhos’, mas também de reconstrução e de muitas conquistas. Nesta atual pandemia, o Instituto, mais uma vez, mostra sua força, com a união de nossa comunidade científica em busca de respostas que ajudem o Sistema Único de Saúde brasileiro”, reforça o diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite.

Fotos: Josué Damacena / Arte: Jefferson Mendes

Enfrentamento da pandemia: IOC realiza treinamento de profissionais de nove países para diagnóstico do novo coronavírus; Instituto é referência laboratorial em Covid-19 nas Américas; estudo investiga disseminação viral a partir de amostras de esgoto; pesquisadores analisam ação de antivirais sobre o SARS-CoV-2 em laboratório com nível 3 de biossegurança

Ciência brasileira para o Brasil
Considerando a descoberta de que insetos anofelinos eram os transmissores da malária, Oswaldo Cruz publicou, em 1901, um artigo sobre mosquitos culicídeos do Rio de Janeiro, que constituiu a primeira publicação científica do ‘Instituto de Manguinhos’, como era conhecido, e inaugurou a entomologia médica brasileira por pesquisadores nacionais. Ainda nos primeiros anos, estudantes de medicina começaram a procurar o Instituto para estágio e orientação de teses exigidas para a conclusão da graduação, o que mudou o panorama científico do Rio de Janeiro com a publicação crescente de trabalhos baseados em pesquisas originais, no lugar das tradicionais revisões da literatura. Em 1908, ano em que foi oficialmente adotada a denominação ‘Instituto Oswaldo Cruz’, foi criado o Curso de Aplicação, uma das iniciativas precursoras da pós-graduação no Brasil, que abordava métodos de investigação e experimentação em microscopia, microbiologia, imunologia, física e química biológica e parasitologia.

Da erradicação da febre amarela urbana à eliminação da varíola, da poliomielite e da rubéola. Da descoberta da doença de Chagas à primeira detecção do vírus Zika em casos de microcefalia. Integrando pesquisa e ensino, com foco em problemas de saúde pública do Brasil, o Instituto vem contribuindo para o controle de diversas epidemias e, com o mesmo empenho, tem atuado no enfrentamento das doenças endêmicas nacionais, muitas delas negligenciadas.

Números que falam
O IOC chega aos 120 anos com 72 laboratórios, que desenvolvem estudos sobre transmissão, tratamento, controle e prevenção de diversos agravos, como aids, dengue, doença de Chagas, febre amarela, hanseníase, hepatites, leishmanioses, leptospirose, malária e meningites, entre outros. Atua, também, em pesquisas ambientais e no desenvolvimento de terapias, vacinas e métodos de diagnóstico.

Fotos: Acervo Casa de Oswaldo Cruz, Gutemberg Brito, Divulgação / Arte: Jefferson Mendes

Pesquisa e ensino para promoção da saúde: Oswaldo Cruz ao microscópio em laboratório no Castelo de Manguinhos em 1910; pesquisa liderada pelo IOC identificou mosquitos responsáveis por surtos de febre amarela; curso de férias desperta vocação científica de jovens; doutorandos do IOC foram reconhecidos por estudos sobre hantaviroses e dengue no Prêmio Capes de Tese 2019

Vinte e três laboratórios atuam como serviços de referência para o Ministério da Saúde, apoiando as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças, através de análises de alta complexidade e formação de recursos humanos. Alguns são credenciados ainda como centros colaboradores da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da OMS, contribuindo para as políticas de saúde pública regionais e globais. Dois ambulatórios de referência oferecem atendimento a pacientes com hanseníase e hepatites.

Os sete programas de pós-graduação Stricto sensu do Instituto alcançaram recentemente a marca de três mil defesas de teses e dissertações. A excelência do ensino é reconhecida: os seis programas que contam com mestrado e doutorado possuem conceitos 5, 6 e 7 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no topo da escala que vai de 1 a 7. O curso de mestrado profissional, que ainda não passou pela avaliação quadrienal da Capes, foi credenciado com conceito 3, na escala de 1 a 5. O IOC oferece ainda quatro cursos de pós-graduação Lato sensu e duas especializações, além dos tradicionais Cursos de Férias, que já contribuíram para desenvolver a vocação científica em mais de dois mil estudantes de graduação de todo o país.

Fotos: Gutemberg Brito / Arte: Jefferson Mendes

Foco na saúde pública do Brasil: cientistas do IOC detectaram vírus Zika em casos de microcefalia em 2015; Anopheles lutzi, vetor da malária descrito por Oswaldo Cruz, integra Coleção Entomológica; ambulatório de referência em hanseníase tem acreditação internacional; ciclo da doença de Chagas foi publicado por Carlos Chagas na revista 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz' em 1910

Reunindo espécimes coletados desde as primeiras expedições científicas realizadas no começo do século XX por pesquisadores do Instituto, as 21 coleções biológicas sob guarda do IOC contam com milhões de amostras. Os acervos incluem a mais completa coleção entomológica da América Latina, além de coleções microbiológicas (de fungos, bactérias e protozoários), zoológicas (de helmintos, moluscos e artrópodes) e de patologia.

Já a revista ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, publicada desde 1909, é um dos periódicos científicos mais antigos da América Latina e um dos principais do mundo nas áreas de Parasitologia e Medicina Tropical. Alinhada às tendências contemporâneas da edição científica, a revista conta com uma via de publicação acelerada, chamada de ‘Fast Track’, voltada para estudos sobre emergências de saúde, incluindo os relacionados à pandemia de Covid-19.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Raquel Aguiar e Vinicius Ferreira
24/05/2020
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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