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Aedes de A a Z

Livro aborda os principais aspectos históricos e sociais que fazem deste vetor um dos mais difíceis de se controlar. Biologia, hábitos e estratégias de vigilância, de controle e de comunicação também são discutidos

Que particularidades tornam o mosquito Aedes aegypti tão presente em nossa rotina e ser um dos vetores de mais difícil controle em todo o mundo? Há quanto tempo este mosquito está no país e desde quando é visto como um ‘problema de saúde pública’? A ‘culpa’ das epidemias é mesmo do inseto? Qual a utilidade do fumacê e quando ele se justifica?

Com o objetivo de responder e fazer refletir sobre essas e outras perguntas, o livro Aedes de A a Z busca discutir criticamente os principais aspectos da história deste vetor no Brasil, sua biologia, seus hábitos, estratégias de vigilância e controle e aspectos sociais. Isso inclui o reconhecimento dos principais determinantes sociais relacionados a processos epidêmicos e algumas das importantes iniciativas de comunicação desenvolvidas no país em prol da prevenção e do controle de Aedes.

Lançado nesta quarta-feira (17), a publicação abre a temporada de lançamentos da Editora Fiocruz em 2021. O livro pode ser adquirido nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Books.

A obra apresenta visões de quatro profissionais da Fundação Oswaldo Cruz com diferentes formações e enfoques complementares, além de amplo histórico de trabalho conjunto. Três autores são ligados ao Instituto Oswaldo Cruz: Denise Valle, bióloga do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus; Raquel Aguiar, jornalista e coordenadora do Serviço de Jornalismo e Comunicação; e Vinicius Ferreira, jornalista e assessor de imprensa do mesmo setor. Já Denise Nacif Pimenta, é antropóloga e pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas).

A publicação
Mesmo em um cenário repleto de desafios causados pela pandemia de Covid-19, o livro nos lembra, logo na apresentação, que “o Brasil é reconhecido internacionalmente pela criatividade e assertividade com que busca estratégias para controlar epidemias”. Os autores ressaltam que, no caso de epidemias causadas por doenças transmitidas por vetores (como é o caso do mosquito Aedes), “o país tem tradição que remonta à constituição da medicina tropical, no início do século 19”.

Segundo eles, o livro oferece ao leitor “um meio do caminho entre um texto corrido e um glossário”, corroborando a expressão de A a Z presente no título. Ainda na apresentação, uma lista de siglas e termos técnicos relacionados ao Aedes é apresentada com o objetivo de facilitar a leitura e a consulta dos significados.

Cada um dos cinco capítulos se divide em tópicos – com títulos curtos e objetivos – com abordagens específicas sobre o Aedes. No primeiro, o volume apresenta um histórico das entradas, do controle e da erradicação do mosquito no Brasil, mostrando que o país já erradicou o Aedes aegypti algumas vezes, e exibindo uma linha do tempo do vetor em terras brasileiras, do século 16 até a detecção do vírus zika, em 2015. São abordados também alguns conceitos importantes relacionados ao Aedes, além das diferenças entre alguns dos principais mosquitos encontrados no Brasil. São destacados ainda os vírus que podem ser transmitidos pelo Aedes e a dimensão do vetor na saúde pública do país.

Marina Saraiva

O livro é resultado de diversas iniciativas e experiências partilhadas entre os autores, a partir de trabalhos realizados de forma articulada e interdisciplinar


No capítulo dois, os autores chamam atenção para o fato de o Aedes ser um inseto doméstico, que vive perto do homem, se beneficiando das condições por ele criadas. Com infográfico exibindo o ciclo de vida com quatro fases do mosquito, o capítulo aborda também importantes informações biológicas sobre o Aedes aegypti, como controle de ovos e larvas, alimentação sanguínea e tempo de vida. Aspectos importantes que favorecem a reprodução do mosquito, como água limpa e criadouros, também entram na equação.

O terceiro capítulo, que tem como base a pergunta ‘A culpa é do mosquito?’, discorre sobre as condições sociais que geram os ambientes propícios para o desenvolvimento do vetor e dos processos epidêmicos. São abordadas de forma crítica questões sociais, políticas e culturais relacionadas às condições de saúde da nossa sociedade e a forma como o Aedes está inserido nesse contexto. A medicina tropical e a teoria dos mosquitos, as políticas de Aedes, responsabilidades, estratégias políticas, metáforas bélicas, intersetorialidade, o conceito de sindemia, além de ações de informação, comunicação, educação, sensibilização e mobilização, são algumas das questões propostas no capítulo.

As ações de vigilância e controle – que dependem, diretamente, da aplicação na prática da visão integradora e intersetorial sobre o vetor – dão o tom do quarto capítulo. Nele, são pontos de destaque as principais estratégias de vigilância (caracterizadas como iniciativas que procuram facilitar, agilizar e aumentar a eficiência das ações de controle do vetor) adotadas ou em desenvolvimento no Brasil, as situações em que a utilização de inseticidas é recomendada e a problemática da resistência.

Em relação à vigilância, estratégias como o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), as ovitrampas e o mapeamento de risco são abordados, além de temas como as armadilhas e a estratégia eco-bio-social. Especificamente em relação ao controle, recebem destaque as questões conceituais, como a confusão entre controle do vetor e controle químico, entre inseticida e “fumacê” e entre inseticida e repelente. Os conceitos sobre uso de inseticidas e seu impacto nas populações do vetor, assim como a disseminação de resistência, são apresentados, bem como estratégias alternativas de controle, incluindo as estações disseminadoras, os mosquitos transgênicos e o mosquito Aedes com a bactéria Wolbachia.

Marina Saraiva

A publicação conta com uma série de infográficos que tornam a linguagem acessível a diversos públicos, como profissionais de saúde, jornalistas, estudantes e demais interessados no tema


Por fim, o quinto e último capítulo traz reflexão sobre a importância da comunicação para o controle do vetor e a prevenção às arboviroses. Os autores ressaltam que a dinâmica específica de Aedes aegypti faz com que a dimensão da comunicação, estratégica em qualquer assunto relacionado à saúde, ganhe ainda mais realce. Para isso, eles se debruçaram sobre a construção de ações comunicativas pautadas em uma abordagem integrada, considerando o envolvimento de diversos profissionais, com múltiplas formações, capazes de desenvolver respostas mais precisas para esse problema de saúde pública de âmbito nacional, em si complexo e multifatorial.

O livro aponta para uma visão de comunicação que supere a ideia simplista de um processo puramente informacional e transferencial. Além de colocar em foco o conceito mais fundamental do verbo comunicar: a ação de colocar em comum. E defende, portanto, que as ações comunicativas envolvem todo um diálogo sobre o que comunicar, quais canais adotar e qual linguagem a ser utilizada, reforçando a complementaridade entre ações individuais e ações do Estado. “Incorporar essa dinâmica de responsabilidades compartilhadas no controle de Aedes exige encarar as características biológicas do mosquito, que vive, sobretudo, no ambiente dos domicílios humanos, ao mesmo tempo que destaca as determinações sociais dos agravos aos quais está relacionado”, enfatiza a publicação.


Livro Aedes de A a Z
Editora Fiocruz | Coleção Temas em Saúde
Primeira edição: 2021
172 páginas
Preço de capa (versão impressa): R$ 15
Preço e-book (versão digital): R$ 9






Com informações de Marcella Vieira (Editora Fiocruz)
17/03/2021
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