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Caminhos para reforçar a pesquisa em ambiente e saúde

Primeiro dia do II Seminário Ambiente e Saúde do IOC abordou serviços ecossistêmicos, proposta de criação de sistema institucional que integre as áreas e exposições de linhas de pesquisa dos laboratórios

O primeiro dia de atividades (8 de junho) do II Seminário Ambiente e Saúde no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) chamou atenção para a importância dos estudos ambientais no contexto local e global da saúde e discutiu estratégias para fortalecer a atuação do IOC na área. Iniciativa da Câmara Técnica de Ambiente e Saúde do Instituto, o Seminário foi realizado em alusão à Semana Mundial do Meio Ambiente, celebrado entre 31 de maio e 5 de junho. O contou com programação presencial (primeiro dia) e seguiu no formato virtual nos dois dias seguintes de programação (9 e 10 de junho).

Ricardo Schmidt

A forte atuação dos laboratórios do IOC em pesquisas que conectam questões ambientais e saúde foi destacada por Tereza Favre e Elmo Amaral


Na cerimônia de abertura, a coordenadora da Câmara Técnica, Tereza Favre, lembrou que o Seminário estava previsto para ocorrer em maio de 2020, mas foi suspenso devido à pandemia de Covid-19. “É uma alegria estar nesse auditório. Nos três dias de Seminário, poderemos discutir a formação de grupos de pesquisa, estreitar diálogos para colaborações internacionais e debater sobre os desafios que enfrentamos em função do impacto humano no ambiente. Temos muito a discutir”, declarou Tereza.

O coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Fiocruz (FioProsas), Guilherme Franco Neto, também enfatizou a necessidade de colaboração na área no âmbito da Fundação. “O FioProsas foi instituído em 2020 para expandir e dar capilaridade a essa agenda na instituição. Cada um no seu lugar, mas compartilhando e produzindo juntos”, afirmou Guilherme.

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Tania Araújo-Jorge salientou o alto impacto do ambiente e do clima na saúde global


O impacto de questões ambientais na saúde foi destacado pelo vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Elmo Amaral; pela diretora do Instituto, Tania Araujo-Jorge; e pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Hermano Castro. “Temos que ressaltar a importância do tema ambiente e saúde e da saúde única, que integra a saúde humana, animal e ambiental. Vários laboratórios do nosso Instituto trabalham com isso e devemos reforçar essa atuação em prol da saúde pública e da sociedade brasileira”, disse Elmo, parabenizando a Câmara Técnica pelo trabalho realizado.

“A situação de hoje é muito desafiadora. Vivemos uma crise climática gravíssima e temos que incluir o clima nas discussões sobre ambiente e saúde. Os laboratórios têm que se articular e cooperar para enfrentar esse desafio”, salientou Tania. “A pandemia faz parte desse quadro ambiental. Estamos vendo modificações ambientais que introduzem novos parasitos, vírus e bactérias na circulação humana. Por isso, é fundamental termos esse seminário”, enfatizou Hermano.

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Guilherme Franco e Hermano Castro enfatizaram a importância do tema ambiente e saúde nas ações estratégicas da Fiocruz


Biodiversidade e serviços ecossistêmicos
A primeira palestra do seminário apresentou o trabalho da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês). A professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisadora associada à BPBES, Aliny Pires, afirmou que o grande número de espécies extintas é, atualmente, uma emergência. “Estamos perdendo biodiversidade em um nível muito acima do que seria considerado um limite seguro para a sobrevivência da humanidade. Quando perdemos biodiversidade perdemos soluções para problemas que ainda não conhecemos”, afirmou Aliny.

A BPBES foi criada, em 2015, com o objetivo de produzir documentos de síntese do conhecimento científico sobre o tema de forma a embasar as ações de tomadores de decisão. Além do primeiro diagnóstico sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmico no Brasil, o grupo já publicou diversos documentos temáticos, envolvendo assuntos como animais polinizadores e produção de alimentos e restauração de paisagens.

A especialista ressaltou que estudos científicos mostram que a perda da biodiversidade gera riscos para o país, enquanto a preservação da variedade de espécies de vida pode ser um ativo para o bem-estar da população, com mais desenvolvimento social e econômico e redução da pobreza e das desigualdades.

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Segundo Aliny Pires, soluções baseadas na natureza, que preservam o meio ambiente, podem atingir objetivos ambientais, sociais e econômicos


“O Brasil tem uma cultura agrícola enorme e sempre há o argumento de que se precisa de mais terras para produzir mais. Porém, há pesquisas que mostram que manter a vegetação nativa adjacente a uma área agrícola aumenta a produção de café e de várias outras culturas por causa dos insetos polinizadores. Aumentando a produtividade, conseguimos garantir as demandas de alimentos sem tirar uma única árvore do lugar”, pontuou Aliny. “Vivemos uma crise global e temos um desafio para garantir que o potencial da biodiversidade brasileira, de fato, seja utilizado para o desenvolvimento do país”, acrescentou.

O desafio de levar o conhecimento científico até a população e os tomadores de decisão foi um dos temas do debate realizado após a palestra. O vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Paulo D’Andrea, pontuou a dificuldade de levar as informações até os gestores municipais, que desenvolvem ações localmente. Tereza Favre lembrou a importância do trabalho com crianças e adolescentes, que vivem sua formação no período escolar. “No momento de lançamento das publicações, buscamos ativar redes para ampliar o alcance dos nossos produtos. Também trabalhamos com parcerias. Ainda assim, nossos dados mostram que os acadêmicos são os que mais acessam os documentos. Esse pode ser um próximo passo para a Plataforma: avaliar o quanto nossos produtos estão chegando onde queremos chegar”, respondeu Aliny.

Ambiente e saúde no IOC
Ainda na parte da manhã, Tereza Favre apresentou as ações desenvolvidas pela Câmara Técnica de Ambiente e Saúde e detalhou a proposta do grupo para a criação do ‘Sistema Integrado de Ambiente e Saúde’ do IOC. A pesquisadora destacou que a Câmara busca reunir e dar visibilidade às atividades de pesquisa ambiental desenvolvidas nos laboratórios do Instituto. Nesse sentido, foi realizado um levantamento que identificou ações de 25 laboratórios na área, compondo o portfólio de competências em ambiente e saúde na Unidade.

Além da produção desse documento, a Câmara articulou a oferta de uma disciplina transversal com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que teve a participação de 19 docentes e foi oferecida de forma remota em 2020 para alunos dos programas de pós-graduação do IOC.
Tereza citou ainda o projeto de criação de uma “plataforma” de pesquisa de campo, para facilitar o compartilhamento de recursos e apoiar os pesquisadores nesse tipo de atividade. Segundo ela, essa iniciativa segue em negociação, uma vez que necessita de recursos para aquisição de veículos, que constituem um gargalo para as atividades de campo atualmente.

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Tereza Favre apresentou a proposta de criação do Sistema Integrado de Ambiente e Saúde do IOC, que busca fortalecer as ações do Instituto na área


De acordo com Tereza, o projeto do ‘Sistema Integrado de Ambiente e Saúde’ visa unificar, em um espaço virtual, as ações desenvolvidas pela Câmara Técnica de Ambiente e Saúde e pela Comissão Interna de Gestão Ambiental do IOC. “Essa proposta é debatida na Câmara Técnica desde 2017 e consideramos que agora ela está madura para ser apresentada à comunidade do IOC”, comentou Tereza, acrescentando que o projeto foi apresentado previamente à Diretoria do Instituto. “A missão do SIAS deve ser fortalecer a temática ambiental na Unidade, por meio da integração dos diferentes atores e setores do Instituto, contribuindo para a tomada de decisões na interface ambiente-saúde”, pontuou.

De acordo com o projeto, o SIAS deve atuar em quatro frentes. Uma delas diz respeito às ações atualmente desenvolvidas pela Comissão Interna, incluindo emissão de pareceres técnicos e construção de indicadores de sustentabilidade, entre outras atividades ligadas a políticas de gestão ambiental e sustentabilidade.

Outra frente será constituída pelo Núcleo Integrado de Assessoria à Pesquisa em Ambiente e Saúde (Niapas), que seria assumido pela CTAmbS, atuando para apoiar os pesquisadores em relação a documentos institucionais; comitês e órgãos regulatórios da pesquisa em ambiente e saúde; questões de biossegurança no campo; equipamentos de campo; acesso a redes de apoio já existentes na Fiocruz; e organização de um portfólio sobre laboratórios, projetos e publicações do IOC na área.

O Sistema Integrado teria ainda mais duas frentes de atuação: a oferta de cursos para qualificação de estudantes e profissionais e ações de inovação, que seriam desenvolvidas com apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IOC.

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Cientistas de 18 laboratórios do IOC apresentaram suas linhas de pesquisa e debateram perspectivas para parcerias e avanços nos estudos em ambiente e saúde


Na parte da tarde, as atividades foram dedicadas à troca de experiências entre os pesquisadores. Cientistas de 18 laboratórios apresentaram suas linhas de pesquisa no evento, em apresentações de cinco minutos, com formato de pitch, tendo como foco a formação de parcerias. O debate abordou ainda as lacunas identificadas para o avanço dos estudos em ambiente e saúde no Instituto. A moderação foi realizada pelo vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC e chefe do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, Paulo D’Andrea.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Vinicius Ferreira
13/06/2022
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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