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Pesquisa de vacinas recombinantes ganha laboratório mais avançado

O Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) recebeu parecer técnico da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que estende seu Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) para desenvolvimento de projetos de pesquisa com organismos geneticamente modificados com classe de risco II. Dessa forma, o laboratório, que desenvolve pesquisas de vacinas para doenças como dengue e malária baseadas em vírus recombinantes, está habilitado a realizar não só a manipulação genética, mas também a obtenção do vírus em si.

 Gutemberg Brito

 

O Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC desenvolve pesquisas com vírus recombinantes de febre amarela 

O projeto de pesquisa executado no laboratório visa a criação de vírus recombinantes, utilizando como base a cepa vacinal do vírus da febre amarela (17D) e a bactéria Escherichia coli, geneticamente modificada, como receptora de genes de diversos organismos, como vírus da dengue, da Aids e dos protozoários causadores da doença de Chagas e da malária. O objetivo é desenvolver vacinas combinadas da febre amarela com essas importantes doenças. Até hoje, o laboratório podia realizar o trabalho de reengenharia, que acontece no interior da Escherichia coli, porém sem obter o vírus em si. “A extensão do certificado nos permitirá, além de criar o molde viral, obter e manipular, no laboratório, o novo vírus geneticamente modificado”, explica a pesquisadora Myrna Cristina Bonaldo, responsável por essa linha de pesquisa.

De acordo com a especialista, a nova certificação trará mais eficiência para o processo. “Agora que estamos capacitados para realizar todas as etapas de estruturação do novo vírus”, analisa a bióloga, “teremos ainda mais controle sobre esse processo e poderemos realizar análises mais detalhadas, o que certamente elevará a qualidade da pesquisa.”

 Gutemberg Brito

 

 A nova certificação otimizará o trabalho do laboratório, que utiliza a vacina contra a febre amarela como base para o desenvolvimento de imunizantes contra doenças como dengue, Aids e malária

A expectativa, segundo ela, é que com a nova certificação seja possível desenvolver uma plataforma viral que possa ser usada contra várias doenças. “A vacina da febre amarela possui ótimas características de proteção e durabilidade”, afirma a especialista. “Em laboratório, porém, ainda estamos procurando os alvos genéticos ideais que nos permitam combinar o vírus da febre amarela vacinal com outros organismos, de modo que ocorra a  imunização contra eles sem que a vacina perca  suas ótimas características originais.”

Dessa forma, Myrna acredita que os vírus recombinados possam ajudar a superar os desafios imunológicos representados por certas doenças, como a dengue. “Uma vacina contra a dengue precisa imunizar contra os quatro tipos da doença, caso contrário pode aumentar o risco do aparecimento de casos graves”, explica a bióloga. “Os estudos realizados por pesquisadores de Bio-Manguinhos, com os quais eu colaboro, já levaram à produção de quatro vírus recombinantes baseados em seus sorotipos, o que é necessário para a obtenção de um candidato vacinal contra a doença, sendo que três deles encontram-se em teste pré-clínicos em primatas.” 

 Gutemberg Brito

 

Foram realizadas mudanças no fluxo de trabalho, reformas estruturais de contenção e até no sistema elétrico, para a instalação de novas cabines de segurança biológica e incubadoras

Para conquistar o novo certificado, o laboratório precisou se adequar a regras de biossegurança mais rígidas. As modificações necessárias para a obtenção da certificação receberam a orientação da Comissão Interna de Biossegurança do IOC (CIBio/IOC). “Basicamente, foram necessárias reformas estruturais de contenção e mudanças em nosso fluxo de trabalho”, explica a pesquisadora. “Criamos, por exemplo, uma área de paramentação, designamos uma sala exclusiva para trabalhos com o vírus e reformamos o sistema elétrico, para a instalação de novas cabines de segurança biológica e incubadoras”, enumera Myrna. “Isso, além de nos garantir a extensão do certificado, foi fundamental para a melhoria das condições de trabalho no laboratório.” A decisão da CTNBio foi publicada no Diário Oficial do dia 17 de março de 2008. 

19/06/2008
Marcelo Garcia

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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