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Caramujo africano pode transmitir doença pulmonar a gatos, mostra estudo

Um estudo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) identificou a importância do caramujo Achatina fulica (conhecido como caramujo africano) na transmissão do verme Aelurostrongylus abstrusus, capaz de causar infecção pulmonar em gatos. A pesquisa foi publicado recentemente na revista Journal of Invertebrate Pathology  e tem grande importância no trabalho de monitoramento epidemiológico do caramujo africano, uma das espécies mais comuns no país.

Como Centro de Referência Nacional em Malacologia Médica, o Laboratório de Malacologia do IOC recebe amostras de moluscos provenientes de diversas regiões do Brasil, sendo as de Achatina fulica algumas das mais comuns, pela sua disseminação em pelo menos 23 Estados brasileiros. “Essa espécie é uma praga, se reproduz muito, competindo com as espécies nativas”, conta Pablo Coelho, pesquisador do laboratório. “Entretanto, os maiores problemas envolvendo esses caramujos estão associados a prejuízos agrícolas, pois destróem hortas e pequenas plantações, e à medicina humana e veterinária, por fazer parte do ciclo de transmissão de diversas zoonoses.”

Um dos trabalhos mais importantes realizados no laboratório é a verificação da contaminação desses caramujos por larvas, através de um processo de digestão artificial, que digere o molusco e preserva qualquer larva que possa infectá-lo. “O caramujo atua como um hospedeiro intermediário, abrigando as larvas de helmintos, antes de chegarem ao seu hospedeiro final”, explica o pesquisador.

Laboratório de Malacologia/IOC

O verme Aelurostrongylus abstrusus é capaz de causar infecção pulmonar em gatos.

O trabalho publicado na última edição da revista Journal of Invertebrate Pathology, identificou a presença do nematódeo Aelurostrongylus abstrusus, responsável por causar infecções pulmonares em gatos, em amostras de caramujos africanos de diversas regiões do país (12 municípios de sete Estados brasileiros). Pablo explica que a ingestão do molusco é a única forma de contaminação do gato pelo verme e defende que identificar a presença de larvas como essa em Achatina fulica é um trabalho importante para o monitoramento da população do caramujo africano. “Este estudo evidencia a participação de A. fulica em ciclos de vários nematódeos no país”, afirma o especialista, “por isso é importante manter controle sobre o molusco, investigando que tipo de parasita ele transmite”.

Apesar de ser importante na transmissão de diversas zoonoses, Pablo lembra que, em geral, o molusco causa apenas infecções acidentais no homem. “Apesar do A. abstrusus não causar doença no homem, existe a possibilidade do caramujo transmitir até dois tipos de angiostrongilose, por exemplo, doença que pode até levar à morte”, comenta Pablo. “Entretanto, não há registros de casos graves causados de infecções transmitidas pelo caramujo.”
 
O estudo foi coordenado pela pesquisadora Silvana Thiengo e contou com a participação dos pesquisadores Mônica Fernandez e Pablo Coelho, todos do Laboratório de Malacologia do IOC e de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Marcelo Garcia

13/10/08

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