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Projeto piloto em quartéis militares pode ajudar no combate à dengue

Uma iniciativa piloto do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), iniciada há dois meses em parceria com o Instituto de Biologia do Exército (IBEx), pode ajudar na prevenção contra a dengue nas cidades brasileiras. Realizando um trabalho mensal e minucioso de eliminação de criadouros sem o uso de inseticidas e de avaliação da infestação do Aedes aegypti em uma área militar da cidade do Rio de Janeiro, o projeto busca mobilizar o efetivo dos quartéis e da população local na luta contra a doença. Com potencial para ser adotado em outras localidades, o projeto pode ser importante para prevenir a dengue, além de promover o controle do Culex, o pernilongo doméstico, espécie responsável por muito incomodo à população.

O projeto está sendo desenvolvido na Vila Militar, localizada no bairro de Deodoro, no Rio de Janeiro, composta por dezenas de quartéis e áreas residenciais militares. Os pesquisadores escolheram uma área restrita para a implementação do projeto, com 14 unidades militares e seis quadrantes habitacionais. “Optamos por desenvolver o projeto nessa área porque, apesar de não apresentar altos índices de infestação do mosquito, ali foram registrados casos de dengue no ano passado”, explica José Bento Pereira Lima, pesquisador do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC. “Esse é um projeto piloto, que poderia ser expandido para outras localidades e usado como ferramenta de prevenção de grandes surtos de dengue.”

Gutemberg Brito

 Projeto também engloba áreas residenciais

 Os soldados instalaram armadilhas nos quartéis e nas áreas residenciais para avaliar a infestação do mosquito na região 

A iniciativa consiste em utilizar pessoal das próprias organizações militares para realizar um trabalho preventivo e contínuo contra a dengue todos os meses. “Foram capacitados dois soldados de cada organização, através de palestras de profissionais da Prefeitura e de pesquisadores do IBEx e do IOC e de vistorias nas próprias unidades”, explica uma das responsáveis pelo projeto, a tenente do IBEx Rosane Meirelles, também pesquisadora do Setor de Inovações Educacionais do Laboratório de Biologia Celular do IOC. “A partir daí os soldados passaram a realizar mensalmente vistorias em suas organizações militares, identificando, tratando e eliminando possíveis criadouros, sem a utilização de inseticidas, através de pequenas obras e aplicações de água sanitária e cloro, por exemplo.”

O trabalho inclui, ainda, a instalação de ovitrampas, armadilhas para coleta de ovos do Aedes aegypti. “Todos os meses, cerca de 15 delas são instaladas em cada unidade, em locais pré-estabelecidos, e recolhidas dias depois”, conta Rosane. “A contagem dos ovos serve de alerta para o grau de infestação do mosquito na região.”

Gutemberg Brito

 O trabalho preventivo no campo é complementado por uma etapa laboratorial 

 No Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC, os pesquisadores avaliam o grau de resistência a inseticidas das larvas dos mosquitos capturados e o nível de infestação do A. aegypti

Para Rosane, no segundo mês de atuação dos novos ‘vigilantes’, o trabalho de mobilização nos quartéis tem sido bem sucedido. “As vistorias geram relatórios, que são usados para resolver os problemas dos criadouros, tampando cisternas, desentupindo ralos e recolhendo lixo, por exemplo. Além disso, os soldados relatam como essa experiência tem feito seus hábitos mudarem”, comemora. “Percebemos que nosso principal objetivo nesse projeto, ensinar e mobilizar a sociedade para que atue ativamente na prevenção da dengue, já começa a dar resultados.”

Nesta terça-feira, 18 de novembro, o projeto foi apresentado para comandantes e soldados do Exército. Os militares que atuam na iniciativa conheceram o laboratório onde são analisados os ovos e larvas que eles coletam em sua rotina no projeto. O evento contou com a preseça do General Armando, que comanda a 1ª Região Militar. Ele ressaltou que é preciso levar o conhecimento adquirido para fora dos quartéis. “Cada um tem que fazer sua parte", afirmou. "Os prejudicados pela falta de prevenção seremos nós mesmos."

Gutemberg Brito

Durante o evento de apresentação do projeto, no IBEx, a oportunidade de levar a prevenção para outros espaços foi destacada 

Segundo José Bento, o projeto poderá servir de modelo para ser implementado em outras unidades militares com o objetivo de promover a prevenção contra a dengue em diversas cidades brasileiras. “Queremos que essa iniciativa se torne um modelo a ser adotado em outras localidades, facilitando o combate ao Aedes aegypti”, acredita. “Nossa expectativa é que o controle mensal dos possíveis criadouros nesses quartéis e áreas residenciais tenha impacto na presença do mosquito e sirva de base para a reprodução desse modelo em outros universos controlados, como organizações militares, condomínios.”

O Coronel Villanova, diretor do Ibex e um dos principais incentivadores do projeto, destaca os desdobramentos positivos da iniciativa. "O mais importante é que os envolvidos no projeto se tornem multiplicadores, passando para frente este conhecimento”, afirma.

Gutemberg Brito

 Medidas podem ser copiadas por outras unidades no resto do país

A adoção de algumas rotinas e a realização pequenas obras já serviram para a eliminação de dezenas de possíveis criadouros de A. aegypti e de Culex. Na foto, um criadouro ideal para Culex.

Além de eliminar os criadouros do Aedes aegypti, o projeto também pode ser importante para a diminuição da população de outro mosquito que causa grande incomodo à população, o Culex, ou pernilongo. “Em nossas vistorias também encontramos criadouros com água suja, ideais para a reprodução desse inseto”, conta Rosane. “Graças à mobilização da população e dos pessoal das unidades, estes possíveis criadouros também têm sido eliminados.”

O projeto do IOC em parceria com o IBEx é uma iniciativa autorizada pela 1ª Divisão de Exército e pela 1ª Região Militar, que conta com a participação dos tenentes Rosane Meirelles, Julian Lucas e Lílian Zaparolli e da sargento Glória Maria, todos do IBEx. O projeto, coordenado pelo pesquisador José Bento, do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC e pela capitão Isabela Reis, do IBEx, conta com a colaboração da pesquisadora Denise Valle, chefe do laboratório, e tem a supervisão do Tenente-Coronel Villanova, diretor do IBEx.


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Marcelo Garcia

19/11/08

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