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Meningite: Pesquisa alerta para necessidade de maior vigilância no RJ

A necessidade de maior vigilância na identificação dos agentes etiológicos das meningites causadas por vírus no Rio de Janeiro foi apontada por um estudo desenvolvido no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Também chamadas de assépticas, na maior parte dos casos as meningites virais são causadas por vírus e são mais comuns do que as meningites de origem bacteriana. Em média, 11.500 novos casos são registrados anualmente em todo o país, segundo dados do Ministério Saúde.

Gutemberg Brito

O médico infectologista Vitor Laerte Pinto Júnior desenvolveu o estudo no Laboratório de Enterovírus e no Laboratório de Imunofarmacologia, ambos do IOC

As meningites virais de uma forma geral são caracterizadas pela inflamação do Sistema Nervoso Central (SNC), que pode ser infectado por diferentes grupos de vírus, incluindo enterovírus, arbovírus, vírus do sarampo, adenovírus e herpesvírus. Entretanto, para a maioria dos casos não há identificação do agente etiológico, dificultando o controle da doença. Em 2006, por exemplo, dos 15.470 casos de meningite asséptica notificadas em todo o Brasil, o agente que causou a doença foi isolado em apenas 52 deles.

“O grupo dos enterovírus, com exceção dos poliovírus, são os principais agentes etiológicos, presentes em 80% a 90% dos casos”, explica o médico infectologista Vitor Laerte Pinto Júnior que desenvolveu o projeto no Laboratório de Enterovírus e no Laboratório de Imunofarmacologia, ambos do IOC, durante o doutorado do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto. “A circulação destes agentes é variável de acordo com o período e local e o potencial epidêmico deles torna fundamental sua vigilância para a saúde pública”, o pesquisador completa.

O estudo definiu uma curva endêmica entre os anos de 2000 e 2005, período em que foram notificados 2 mil casos de meningite viral no estado do Rio de Janeiro. “Com base nos valores de incidência neste período, percebemos que os meses de março, abril e maio de 2005 registraram um número maior do que o número máximo de casos esperados, o que configura uma epidemia”, explica o médico que atua no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz.
 
Na investigação da epidemiologia da doença no estado, o estudo alerta para a importância de vírus emergentes que podem causar meningite.  “O Rio de Janeiro está vulnerável a um novo agente etiológico. Levantamos, por exemplo, que o echovírus 30, um vírus do grupo dos enterovírus, foi responsável por um surto no estado”, ressalta. “Além disso, relatamos um caso de meningite asséptica como complicação da doença da arranhadura do gato. Só existem três casos deste tipo descritos na literatura”, destaca o pesquisador.

Meningites causadas por tuberculose também foram alvo do estudo, que analisou 37 pacientes com o objetivo de investigar as alterações atípicas no líquido cefalorraquidiano nestes casos. “A tuberculose é um problema de saúde pública no Brasil e a meningite tuberculosa é uma das formas extrapulmonares mais comuns da doença. Além disso, impõe dificuldade ao seu diagnóstico, o que contribui para sua elevada morbiletalidade”, avalia Vitor.

Os resultados mostraram que 32,4% dos pacientes registraram neutrofilia inicial, ou seja, aumento dos neutrófilos - células que se formam na medula óssea vermelha e desenvolvem grande atividade fagocitária. “Registramos também relatos de três casos de meningite neutrofílica persistente como padrão liquórico atípico. Concluímos que estas alterações atípicas no líquido cefalorraquidiano de pacientes com meningite tuberculosa podem causar piora no prognóstico da doença ”, finaliza o pesquisador.

O trabalho, orientado pelo pesquisador Márcio Neves Bóia, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical em colaboração com os pesquisadores do IOC Edson Elias da Silva (Laboratório de Enterovírus), Hugo Caire de Castro Faria Neto (Laboratório de Imunofarmacologia) e Elba Regina Sampaio de Lemos (Laboratório de Hantavirose e Rickettsiose), já gerou cinco artigos publicados em revistas científicas, como o Brazilian Journal of Infectious Diseases e Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry.

Renata Fontoura

09/04/09

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).


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