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Estudo determina padrões de migração do dengue tipo 3 ao redor do mundo

Pesquisa realizada no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) traçou a dispersão do vírus dengue sorotipo 3 (DENV-3) ao redor do mundo nos últimos 50 anos. O estudo, que determinou pela primeira vez o perfil migratório do DENV-3, é fruto do trabalho desenvolvido pelo pesquisador Josélio Araújo, no Laboratório de Flavivírus do IOC, durante seu doutorado, sob orientação dos pesquisadores Hermann Schatzmayr e Rita Nogueira, chefe do laboratório. O trabalho é a mais completa análise sobre os aspectos filogenéticos, migratórios e evolutivos do DENV-3 já realizada no mundo. Uma das principais conclusões permitiu estimar o ano de origem das linhagens do DENV-3 no planeta: foi em torno de 1890. Já o surgimento da atual diversidade dos principais genótipos do DENV-3 foi estimado entre 1960-1970, coincidindo com o crescimento da população humana, urbanização e movimento humano.

 Monika Barth/IOC

 Conhecer o perfil migratório do vírus da dengue é importante na definição de estratégias de combate à doença. Acima, imagem em microscopia do vírus produzida pela pesquisadora Monika Barth.


Padrões de migração

Atualmente existem cinco genótipos diferentes do sorotipo 3 do vírus, cada um deles predominante em regiões específicas. Para explicar como cada um destes genótipos se tornou predominante em diferentes locais, os pesquisadores partiram da análise de amostras do sorotipo 3 do vírus dengue obtidas no Brasil – onde circula desde o ano 2000 – e de sequências genéticas dos vírus que circulam em todo o mundo desde 1956, disponíveis em bancos de dados internacionais. Assim, foi possível estimar as taxas de evolução molecular, o ano de origem das atuais linhagens virais e os perfis migratórios das variantes do DENV-3 ao redor do mundo.

 Gutemberg Brito

 

 Josélio Araújo, no Laboratório de Flavivírus do IOC


"A análise das amostras provenientes de quatro continentes permitiu mostrar, pela primeira vez, por quais rotas cada um dos cinco genótipos do sorotipo 3 se espalhou pelo mundo", avalia o especialista. “No Brasil e no continente americano, assim como em parte da Ásia e no leste da África, predomina o genótipo 3 desse sorotipo. Sua entrada se deu a partir do México, de onde se espalhou para outros países da América Central e do Sul. Já o genótipo 1 circula principalmente na porção marítima do Sudeste Asiático e no Sul do Pacífico, enquanto o genótipo 2 permaneceu dentro das zonas continentais do Sudeste Asiático.”

Conhecer o perfil migratório do vírus da dengue é importante na definição de estratégias de combate à doença. “Entender como se dá a dispersão do vírus pode permitir adotar medidas de vigilância epidemiológica mais eficientes e atuar diretamente nas localidades que são focos deste processo”, argumenta Josélio. “Nosso maior desafio agora é conhecer a dinâmica de circulação dos vírus no Brasil, o que pode ser fundamental para dificultar sua disseminação e contribuir para a redução do número de casos no país.”

O pesquisador destaca outro resultado importante da pesquisa: foi identificada uma tendência de que apenas um genótipo do DENV-3 circule em cada região. “É rara a circulação de mais de um genótipo em nenhuma localidade. Esta constatação sugere que alguns fatores, como a adaptação do DENV-3 ao vetor ou à população de determinada região, além da distância geográfica, podem limitar a introdução de novas variantes do sorotipo três do vírus no local”, explica Josélio. “Esse fato é relevante para o estudo da dinâmica da doença, pois alguns genótipos são mais virulentos que outros e os vírus estão em constante evolução.”

Evolução Molecular

O estudo também analisou com que velocidade o vírus evolui geneticamente na natureza. Os resultados revelaram que a média da taxa de evolução em regiões que sofreram epidemias de dengue desde a década de 70, como Indonésia e Tailândia, por exemplo, foi semelhante ao observado em regiões que presenciam estas epidemias desde a década de 90, que é o caso das Américas. Uma análise adicional revelou que a estimativa do ano de origem das linhagens do DENV-3 foi em torno de 1890. A atual diversidade dos principais genótipos do DENV-3 foi estimado entre 1960-1970, período que coincide com o crescimento da população humana e do processo de urbanização.

A pesquisa, publicado no periódico Infection, Genetics and Evolution, contou com a colaboração de importantes especialistas na área de evolução viral, como os pesquisadores Gonzalo Bello, do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC, e Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo.

Marcelo Garcia
13/07/09

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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