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Estudos genéticos no combate à hanseníase

A investigação de características genéticas associadas a doenças é um dos campos de atividade mais intensa na pesquisa biomédica, na atualizada. O Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tem investigado a suscetibilidade genética para doenças infecciosas, principalmente a hanseníase. Resultados destas pesquisas foram apresentados pelo biólogo Milton Moraes durante o Simpósio França Brasil: Os desafios da ciência biomédica no início do século XXI, nesta quarta-feira (21/10), no campus de Manguinhos (RJ).

 Gutemberg Brito

 

 Milton Ozório durante a palestra Polimorfismos de genes humanos e hanseníase, no Simpósio França Brasil

Em sua fala, o pesquisador fez uma retrospectiva dos avanços alcançados pelo IOC neste campo. Em 2007, Milton participou de uma colaboração multinacional que resultou na identificação da linfotoxina-α, um gene associado à suscetibilidade humana à hanseníase. O estudo desenvolvido no IOC integra uma rede mundial de pesquisa colaborativa com parcerias entre instituições do Brasil, Canadá, França, Índia e Vietnã. A rede permite o estudo integrado do genoma e de micobactérias que ocorrem em diversos países.

Após dois anos de atividades, o Laboratório de Hanseníase identificou mais três genes relacionados com a suscetibilidade humana à infecção. Os genes TNF (Fator de Neurose Tumoral), Interferon-gama e Interleucina-10 são apontados como marcadores genéticos capazes de sinalizar uma maior propensão de um indivíduo a desenvolver a infecção pelo Mycobacterium. Leprae – o agente causador da doença. “Eles controlam a ativação de células em resposta a infecções e são responsáveis pela regulação da imunidade na hanseníase. “Os pacientes com hanseníase não ativam completamente este sistema que controla a multiplicação da micobactéria, apresentando uma resposta imune fraca. Essa resposta significa muitas vezes que a pessoa tem uma probabilidade maior de desenvolver a doença”, indica Milton.

De acordo com o pesquisador, a identificação do funcionamento destes genes nos diferentes padrões imunológicos encontrados em seres humanos é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção específica, que levem em consideração as características genéticas de cada indivíduo.

A descoberta dos genes associados a uma maior propensão à hanseníase também pode auxiliar na elaboração de vacinas e no tratamento de outras infecções. “Ao definir os principais fatores imunológicos que regulam os processos de proteção do organismo a doenças infecciosas podemos pensar em novos alvos para a pesquisa de imunobiológicos e estratégias alternativas de vacinação. Nossa meta é aplicar a mesma técnica utilizada no estudo da hanseníase para investigar a suscetibilidade genética do homem a outras doenças infecciosas, como leishmaniose, dengue e tuberculose”, pontua o biólogo.

Hanseníase

Em 2007, foram registrados 254.525 novos casos de hanseníase no mundo, sendo que 54% ocorreram na Índia. Deste total, 40 mil casos ocorreram no Brasil, sendo 8% em menores de 15 anos. Cerca de 3 mil casos são diagnosticados em fases avançadas da doença, com deformidades físicas. Em 2007, a taxa de detecção do Brasil foi de 21,2 para cada 100 mil habitantes, considerada alta. A maior concentração de casos está nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, de acordo com dados do Ministério da Saúde.


Serviço:

Simpósio França Brasil: Os desafios da ciência biomédica no início do século XXI
Data: 20 a 22 de outubro de 2009
Campus da Fiocruz - Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ)
Programação e informações no www.fiocruz.br/simposiofrancabrasil
A palestra Polimorfismos de genes humanos e hanseníase será apresentada no dia 21/10 (quarta-feira), às 12h.

Pâmela Pinto

15/10/09

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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