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Estudo aponta presença de vírus causadores de gastroenterite em águas da Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ)

Os critérios de balneabilidade e uso recreacional de águas utilizados atualmente levam em consideração sobretudo aspectos bacteriológicos. O recente avanço na geração de dados científicos sobre a presença de vírus no ambiente, no entanto, mostra que a presença de vírus em águas recreacionais também deve ser levada em consideração neste contexto. Um estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) estudou as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, e apontou a presença de vírus causadores de gastroenterites nas amostras. O trabalho, apresentado nesta quarta-feira no I Simpósio Latino Americano de Virologia Ambiental, realizado pelo IOC de 5 a 7 de maio no Rio de Janeiro, mostra que a revisão dos critérios de avaliação da qualidade da água, levando-se em consideração a presença de vírus, é um desafio para a prevenção de doenças de transmissão hídrica, como a gastroenterite.

 Gutemberg Brito

 

Monitoramento de um ano das águas da
Lagoa Rodrigo de Freitas apontou presença de
norovírus e rotavírus em amostras 


O estudo avaliou a presença dos principais agentes etiológicos da gastroenterite viral aguda (rotavírus A e norovírus) nas águas superficiais da Lagoa Rodrigo de Freitas. A pesquisa realizou a detecção, quantificação e caracterização molecular dos dois vírus. Os dados obtidos foram correlacionados com os padrões microbiológicos e fisioquímicos de contaminação fecal analisados na avaliação da balneabilidade das águas segundo os critérios atuais.

Entre agosto de 2007 e julho de 2008 foram coletados mensalmente 2 litros das águas superficiais da Lagoa Rodrigo de Freitas, em 12 locais previamente selecionados e demarcados por GPS. No total, 144 amostras foram analisadas nesse período, por meio de testes de amplificação genômica (RT-PCR e Nested RT-PCR) técnica de biologia molecular baseada na detecção do material genético do agente patogênico).

Os resultados mostraram a presença de rotavírus em 24,3% (35/144) e de norovírus em 18,8% (27/144) das amostras analisadas.

Pelos critérios atualmente utilizados para avaliação da qualidade da água, 87,5% (126/144) das amostras analisadas foram caracterizadas como próprias para o banho. No entanto, dentro deste grupo, em 38,9% (49/126) das amostras foi encontrado pelo menos um dos vírus responsáveis por gastroenterite viral aguda (norovírus ou rotavírus).

Com base nos resultados obtidos, os pesquisadores alertam que novos parâmetros de avaliação das águas devem ser considerados, levando-se em conta os recentes conhecimentos em Virologia Ambiental. “Essa é uma preocupação mundial. O estudo reforça a importância de serem estabelecidos parâmetros virais para a avaliação da qualidade da água e a necessidade de definir os protocolos de detecção viral e uma legislação adequada a essa nova realidade, um desafio não só no Brasil mas em todo o mundo”, finalizou Carmen Vieira, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC e uma das responsáveis pelo estudo.

O rotavírus A é um dos principais causadores de gastroenterite viral aguda em crianças menores de 5 anos. Já o norovírus é comum em surtos de gastroenterites em ambientes de confinamento (navios, asilos, hospitais, ambientes militares, entre outros). Ambos resultam em um quadro de diarreia e vômito e são transmitidos sobretudo por meio de contato oral-fecal, por alimentos, águas ou superfícies contaminados e o contato pessoa-pessoa. A principal medida de prevenção é a higiene e a lavagem adequada e frequente das mãos.

05/05/10

Marcelo Garcia

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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