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A importância da pesquisa translacional

A pesquisa translacional, tradução literal de Translational Research (TR), trata-se de como traduzir a pesquisa biológica em práticas clínicas. O tema foi abordado na manhã desta quinta-feira, 10 de junho, no I Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC.

 Gutemberg Brito

 

Pesquisas de ponta da bancada podem ser utilizadas em estratégias contra o câncer e no melhor controle da hipertensão


A mesa-redonda Fronteiras do conhecimento em pesquisa translacional contou com a participação de Akira Homma, de Biomanguinhos, Emmanuel Dias Neto, da USP, Antonio Carlos Campos de Carvalho, do Instituto Nacional de Cardiologia e UFRJ, Hélio dos Santos Dutra, da UFRJ, e Eduardo Tibiriçá, do IOC.

Longo caminho

Coordenador da mesa, Akira Homma comentou que vem percebendo a mudança de atitude em relação à inovação dentro da Fiocruz e no IOC, mas frisou que o caminho a ser percorrido para a inovação é bastante longo. “Temos vários passos até a inovação. Começamos com as descobertas e passamos para o pré-desenvolvimento, desenvolvimento, estudos pré-clínicos, estudos clínicos, o registro, a produção industrial e o pós-marketing”, definiu.

A seu ver, a Fiocruz ainda enfrenta lacunas nas áreas de pré-desenvolvimento e desenvolvimento. Ele acredita que a entrada em funcionamento do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e uma planta piloto com foco nesta área em Biomanguinhos serão um grande impulso para o desenvolvimento tecnológico na Fundação.

Ele defendeu ainda um maior apoio governamental para a área de ciência, tecnologia e inovação e na área da saúde no país. "Precisamos da proteção do Estado, tanto com mais recursos como com o seu poder de compra", defendeu Akira.

Nano


Emmanuel Dias Neto, da Universidade de São Paulo e do Centro de Pesquisas do Hospital AC Camargo, mostrou pesquisa realizada pelo grupo do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, Estados Unidos, onde foi professor visitante em 2009.

O pesquisador mostrou que micro-RNAs podem vir a ser utilizados para o combate de alguns tipos de tumores, como os de fígado e de mama. Uma das principais vantagens da técnica seria a especificidade da molécula, que teriam como alvo apenas as células cancerígenas, apontou.

Terapia celular

O pesquisador Antonio Carlos Campos de Carvalho mostrou os resultados de uma pesquisa sobre o uso da terapia celular na cardiopatia chagásica. Como parte de um programa multicêntrico financiado pelo Ministério da Saúde, foi realizado um estudo clínico no qual os pacientes chagásicos recebiam uma injeção intracoronária de células autólogoas, retiradas de sua medula.

O estudo contou com 221 envolvidos, dos quais 34 foram excluídos, 95 participaram do grupo controle e 92 receberam a injeção. Apesar da expectativa pelos bons resultados na pesquisa em laboratório, após o acompanhamento de um ano, o estudo mostrou que a mortalidade e outros índices de avaliação de qualidade de vida e de atividade do coração continuavam semelhantes entre o grupo controle e o grupo que realmente tomou a vacina. “Os testes mostraram que a terapia não faz diferença”, comentou.

Ele, porém, disse que ainda é cedo para se desistir da terapia celular em chagásicos. “Estamos pesquisando outros tipos de células, com as mesenquimais”, disse.

O uso da terapia celular aplicada ao mieloma múltiplo foi abordado por Hélio dos Santos Dutra, pesquisador da UFRJ. Ele explicou que as células utilizadas no tratamento dos pacientes são retiradas do sangue perifério, o que traz grandes vantagens em relação ao uso de células da medula óssea. “É um tratamento mais barato, menos invasivo e com menos chance de se encontrar células tumorais”, comentou.

Antihipertensivos

Último palestrante da mesa, Eduardo Tibiriçá, chefe do Laboratório de Investigação Cardiovascular do IOC, apresentou um estudo que investigou o efeito de diferentes classes farmacológicas utilizadas no tratamento da hipertensão arterial sobre a microcirculação sanguínea – sistema fisiológico responsável pela irrigação de órgãos como cérebro, coração e rins e pela distribuição de oxigênio pelo corpo.

A pesquisa avaliou em modelo animal o efeito de quatro classes farmacológicas utilizadas no tratamento da doença. Primeiro, a análise estrutural de tecidos, como a pele, e de músculos, como o coração, permitiu a identificação das características morfológicas da microcirculação dos animais. Os estudos, nesta etapa, foram realizados com uso de microscopia intravitral de flúor

Os resultados alcançados pelo Laboratório, com a avaliação das drogas das classes losartan, enalapril, nifedipina e atenolol, têm implicação terapêutica e podem contribuir para a prescrição de tratamentos mais eficazes.

10/06/10

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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