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Pesquisas de ponta em doenças negligenciadas e emergentes

A relação entre pesquisas de ponta e o tratamento e controle de doenças negligenciadas e emergentes esteve na pauta no I Simpósio de Pesquisa e Inovação do IOC, promovido de 9 a 11 de junho. Uma mesa-redonda no último dia reuniu pesquisadores do IOC para debater o tema.

 Gutemberg Brito

 

 Milton Ozório Moraes abordou o tema heterogeneidade
genética em doenças micobacterianas


Imunologia

A pesquisadora Alda Maria da Cruz, do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC, estuda a caracterização de um perfil de resposta imune protetora na leishmaniose tegumentar.

Analisando as correlações entre a expressão gênica de TBET e GATA3 e as citocinas induzidas por estes fatores em relação ao estado dos pacientes com leishmaniose, Alda acredita que uma harmonização na quantidade de citocinas parece mostrar um quadro de cura para a doença. Assim, o entendimento desta relação pode levar a novas formas terapêuticas para o combate à doença.

Milton Ozório Moraes, do Laboratório de Hanseníase do IOC, abordou o tema heterogeneidade genética em doenças micobacterianas. Ele mostrou que tradicionalmente se ignora o papel dos genes à predisposição ou resistência a doenças infecciosas. “Hoje sabemos que não é bem assim, afinal muitos entram em contato com fatores infecciosos e não adoecem ou apresentam sintomas. Há uma variedade de respostas imunológicas”, explica.

Para ilustrar o fato, o pesquisador citou episódio acontecido na década de 30 na cidade alemã de Lübeck, quando várias crianças morreram pela aplicação de uma vacina BCG contaminada com o Mycobacterium tuberculosis. “Foram vacinadas 251 crianças, 72 morreram, 135 tiveram a doença, mas conseguiram sobreviver, e 44 deram positivo, mas não manifestaram sintomas de tuberculose. Este triste acidente mostrou que há diferenças de respostas em cada indivíduo”, comentou.

Segundo o pesquisador, que realiza estudos em doenças como tuberculose e hanseníase, os genes parecem se manifestar de formas diferentes em distintas populações, provavelmente pela diferente pressão seletiva sofrida por estas populações ao longo do tempo. “Entendendo essas vias de defesa, poderíamos interferir de forma mais eficaz e conseguir respostas imunes mais efetivas, de acordo com o perfil genético de cada paciente”, comentou.

H1N1

Thiago Moreno, do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo, mostrou resultados de uma pesquisa sobre a ação do vírus H1N1 pandêmico em pacientes oncológicos imunodeprimidos.

O pesquisador explicou que pacientes com câncer muitas vezes apresentam uma manifestação atípica para o vírus e que, com a imunossupressão, o tratamento para a influenza pode demorar muito mais tempo. “Pacientes com câncer apresentam um período de excreção viral muito maior”, diz.

A partir destas informações e dos estudos de evolução viral nos pacientes oncológicos, o pesquisador acredita que o protocolo de manejo de quarentena deste pacientes poderia ser revisto, já que hoje é de apenas sete dias. “Este período pequeno de quarentena pode ter grande implicações na dispersão do vírus”, avaliou.

Dengue

O tema Aedes aegypti e a resistência a inseticidas no Brasil foi abordado por Denise Valle, do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do IOC.

A pesquisadora apresentou as ações da Rede Nacional de Monitoramento da Resistência de Aedes aegypti a Inseticidas (MoReNAa), parte do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) do Ministério da Saúde. A rede promove a vigilância integrada (epidemiológica, laboratorial, entomológica), combate ao vetor, capacita recursos humanos e desenvolve ações integradas de educação em saúde, comunicação e mobilização social.

Ela explicou que uma das ações para o controle do A. aegypti é o uso de inseticidas dos grupos dos organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides. Todos esses grupos atuam sobre o sistema nervoso central dos insetos e têm sido usados nos programas de controle de doenças transmitidas por vetores.

A pesquisadora alerta, porém, que o uso continuado dos inseticidas tem provocado o aparecimento de populações resistentes e ocasionado problemas para o controle de vetores. “A resistência tem sido detectada para todas as classes de inseticidas, afetando, direta e profundamente, a re-emergência das doenças transmitidas por vetores”, comentou.

Ela defendeu que, nesse contexto, “o monitoramento e o manejo da resistência, assim como o uso de substâncias com modos de ação diferentes dos inseticidas químicos convencionais, são elementos de suma importância em qualquer programa de controle de vetores”.

14/06/10

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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