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Especialista em malária é novo membro da ANM

O mais novo membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), eleito em primeiro turno com ampla maioria dos votos, é um médico que dedica sua carreira à investigação científica de uma das doenças mais relevantes no cenário da saúde pública mundial: a malária. Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, pesquisador titular e chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), acaba de se tornar um dos cinco mais jovens membros da quase bicentenária ANM. 
 
Com origem em 1829, no reinado do imperador D. Pedro I, a entidade se dedica ao debate das práticas da medicina, cirurgia, saúde pública e ciências afins, atuando como órgão de consulta do governo brasileiro. É uma organização altamente tradicional – os acadêmicos se reúnem toda quinta-feira, às 18h, ininterruptamente, desde a fundação – voltada à discussão de assuntos médicos da atualidade. Para se ter ideia, entre os assuntos mais recentes em debate figuram temáticas que vão da Paleodermatologia ao fomento de ciência, tecnologia e inovação, de terapêutica da pancreatite aguda ao uso de células-tronco na medicina regenerativa e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Gutemberg Brito

Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, pesquisador titular e chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), é o mais novo membro da Academia Nacional de Medicina


 
Processo
Os membros são escolhidos por processo eletivo, no qual podem votar todos os acadêmicos. O processo é quase ritualístico: inclui o envio pelo candidato de correspondências informativas sobre seu perfil de atuação profissional e visitas, nas quais se entrega uma cópia do Curriculum vitae a cada acadêmico. “Há subprodutos do processo que, apesar de protocolar, é muito prazeroso”, Cláudio relata. “Em primeiro lugar, o candidato passa a ser conhecido por todos os acadêmicos, e em segundo, conhece-os todos. Um aspecto extraordinário desse protocolo é que ele permite que façamos alguns novos amigos em um relativamente curto espaço de tempo, e isto entre figuras notáveis da Medicina brasileira”, descreve. O candidato também deve redigir uma monografia correspondendo a trabalho inédito, a ser entregue no dia em que finda o prazo para inscrições.
 
No mesmo período em que cumpre as visitas, o candidato frequenta o Chá das Cinco e as Sessões Científicas das quintas-feiras. Assim, Cláudio relata, a campanha permite que se conheça o ‘espírito’ da ANM. “Mais do que representar uma entidade que honra os seus empossados com um título valoroso, a Academia corresponde a uma espécie de confraria de grandes vultos da Medicina brasileira, que escolhe os seus integrantes como os confrades com os quais se deseja envelhecer”, descreve.
 
Eleição
Após todo o processo de campanha, ocorre a sessão de eleição – em sessão secreta com voto fechado, o que garante um toque de suspense. Cláudio, escolhido na noite da última quinta-feira (15/07), passa a ocupar a cadeira n° 87 (Patrono João Baptista de Lacerda) da Seção de Ciências Aplicadas à Medicina. Entre as cem vagas, 40 são na Secção de Medicina, 40 na de Cirurgia e somente 20 na de Ciências Aplicadas à Medicina, o que torna as vagas bastante disputadas. Na votação, concorreram três candidatos. 
 
 “Um de meus "padrinhos" me instou a ficar próximo da Academia, no dia da eleição, desde às 18h, quando começaria a sessão. Seu receio era o de que, se eleito, eu pudesse perder os cumprimentos de alguns acadêmicos que costumam sair logo após a votação sem esperar pelo coquetel. Às 19h recebi a ligação anunciando que havia ganho no primeiro turno”, relata. “Entrei na sede da ANM e os acadêmicos Paulo Buss e José Gomes Temporão [ex-presidente da Fiocruz e atual ministro da Saúde], que me aguardavam na saída do elevador, abraçaram-me e me deram as boas vindas. Quando os  Acadêmicos me cumprimentaram, eu estava muito emocionado.”
 
Trajetória
Cláudio é membro da Academia do Estado do Rio de Janeiro desde 2002 e, em dezembro de 2009, tomou posse como membro da Academia Nacional de Medicina da França, país onde desenvolveu parte de sua carreira científica. Agora, Cláudio junta-se a outros membros da Fiocruz no corpo de Acadêmicos da ANM: o pesquisador emérito José Rodrigues Coura, ex-diretor do IOC e presidente da Seção de Medicina da ANM, Léa Camillo Coura, presidente da Comissão de Ética em Pesquisa do IPEC,  Paulo Buss, ex-presidente da Fiocruz,e José Gomes Temporão, atual ministro da Saúde. Luiz Fernando Ferreira, da Ensp é membro honorário. Em momentos anteriores, também contribuíram às sessões da ANM como Acadêmicos outros cientistas importantes do IOC: Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Miguel Ozório de Almeida, Antonio Cardoso Fontes e Olympio da Fonseca.
 
“Não há dúvidas de que existe, sim, um pouco o mito de que o ingresso na ANM é o coroamento da carreira de um médico, mas eu, a exemplo dos outros colegas Acadêmicos da Fiocruz, ainda tenho bastante trabalho para fazer na nossa casa”, avalia.
 
Um dos nomes de maior peso no cenário das doenças tropicais e membro da ANM desde 1978, José Rodrigues Coura comenta o ingresso do colega na entidade: "Claudio Ribeiro é um dos mais competentes e criativos pesquisadores do IOC. Seu ingresso na Academia Nacional de Medicina foi uma consequência natural de suas atividades como pesquisador, médico e ex-Diretor do Instituto. Além de um excelente currículo, Cláudio é um grande comunicador, o que certamente influiu na sua entrada na Academia no primeiro turno, um grande orgulho para o nosso IOC. Para sermos Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, necessitamos de um excelente currículo, mas principalmente de uma conduta ética impecável, reconhecida pelos nossos colegas e pela comunidade acadêmica.”

Atual e templar
Apesar da tradição de 181 anos, que intitula como quase “templar”, Cláudio aponta que a ANM tem um compromisso com a atualidade. “Penso que a presença de tantos profissionais da maior expressão no cenário político e médico do país entre o corpo de Acadêmicos ajuda a que o impacto das opiniões da Academia nas esferas de decisão de saúde e ensino médico no País, continue sendo grande e mesmo aumente. A mim, enche de alegria ver o enorme número de jovens nos Salões, nas Sessões e mesmo nos Chás da Academia quando lá ocorrem Congressos e Cursos. Não há dúvidas de que levarei meus estudantes para assistir algumas sessões e se beneficiarem desse ambiente cerimonioso e erudito”, ressalta.
 
Gratidão
Convidado a apresentar seus agradecimentos ao fim do processo de eleição, Cláudio de pronto saca um lista de nomes. “José Rodrigues Coura, amigo de longa data, me deixou saber há vários anos que me aguardava um dia na ANM. Ao decidir candidatar-me a esta vaga, minha primeira providência foi fazer uma visita ao escritório da Dra. Eliana Cotta-Pereira, conceituada advogada trabalhista e viúva de Gerson Cotta-Pereira, que deixara vaga a cadeira 87, à qual eu concorria, levando meu currículo. Achava que era uma homenagem que eu lhe devia. Tornou-se uma amiga e, como ela mesmo passou a dizer, madrinha. Agradeço aos Acadêmicos colegas e amigos da Fiocruz: Coura, Léa, Paulo e Temporão, que me honraram com seus votos e apoio. Durante esta trajetória, fiz amigos que já são muito queridos. Não posso nem tento citar todos. Eu seria injusto, entretanto, se não agradecesse nominalmente ao eminente nefrologista Omar da Rosa Santos,  meu professor de Clínica Médica no internato no Hospital de Clínicas Gaffrée e Guinle, da Escola de Medicina e Cirurgia da Unirio em 1976, e ao Doutor Francisco Sampaio, Professor Titular da Unidade Urogenital da UERJ, Pesquisador do CNPq e Presidente da Secção à qual passarei a pertencer. Ambos me guiaram, aconselhando-me na campanha. À equipe extraordinária por trás do sucesso de minha candidatura: todos os estudantes, Violeta Sanchez e Lilian Riccio, minha colega, amiga e Vice-Chefe do LabMal e do CPD-Mal, Fatima Cruz, e Claudia Castro, colaboradora e parceira de sempre.”

 

20/07/10

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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