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Sensibilidade ampliada

Uma nova forma para a realização do diagnóstico de leishmaniose visceral em crianças foi alvo de estudo desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A iniciativa, realizada em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, analisou amostras de sangue periférico para confirmar a infecção por meio da técnica molecular de reação em cadeia de polimerase (PCR, na sigla em inglês), baseada na identificação da presença de material genético do parasito. Mais sensível do que os métodos tradicionais, a PCR detectou o DNA do parasito causador da doença em 95,6% das amostras analisadas e confirmou o diagnóstico em seis crianças que tiveram resultados negativos por outras técnicas convencionais (como a microscopia direta, cultura e sorologia).

 “A leishmaniose visceral é a forma mais grave entre as leishmanioses e os sintomas podem ser confundidos com outras doenças, por isso a importância da confirmação do diagnóstico. Já é sabido que a técnica de PCR tem sensibilidade mais alta, mas o que estamos mostrando é a possibilidade da utilização de uma técnica não invasiva para uma população muito atingida, no caso a população infantil”, explica Claude Pirmez, pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC e atual vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz. Durante o estudo, foram analisadas amostras de 45 pacientes internados entre maio de 2008 e março de 2009 para tratamento da doença.

Segundo Claude, não só aspectos como a maior sensibilidade e menor invasividade tornam o PCR uma boa solução. “Outras técnicas de diagnóstico, como a microscopia, dependem de visualização da leishmania. Isso se torna um desafio, já que o parasito causador da leishmaniose visceral é muito pequeno e, geralmente, está presente em pouca quantidade nas amostras analisadas. Isso exige do profissional um olho treinado e horas de análise”, ressalta. “Além disso, o PCR é uma técnica rápida de fácil execução, que diminui o tempo de diagnóstico e possibilita o tratamento precoce, fazendo com que as chances do paciente se recuperar aumentem e as taxas de morbidade e mortalidade diminuam”, avalia a coordenadora do estudo.

A pesquisadora ainda chama atenção para outros fatores positivos da utilização da técnica. “Existe um mito de que o diagnóstico molecular é um diagnóstico caro. Hoje em dia, a realização dessa técnica tornou-se uma rotina na maioria absoluta dos laboratórios, e os insumos tornaram-se muito mais accessíveis. Além disso, por causa da alta sensibilidade, o resultado é obtido muito mais rapidamente e é possível utilizar sangue periférico ao invés de punção de medula óssea, uma técnica invasiva para uma criança já debilitada”, esclarece. 

A validação do método na rotina do dia-a-dia é o próximo desafio dos pesquisadores. “Existe uma discussão para a implantação dessa metodologia na rotina dentro do manual de diagnóstico como método recomendado pelo Ministério da Saúde. Porém, é preciso adotar um padrão que não seja caseiro, para que haja confiabilidade no teste", finaliza a pesquisadora.

O estudo foi  publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz: confira a íntegra do artigo.

Crédito da imagem que ilustra a capa: Center for Disease Control  (CDC), USA

Renata Fontoura

18/08/2010 

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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