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Hospedeiro da esquistossomose é tema de debate entre especialistas

Acompanhe o Especial 12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose

Na tarde desta quinta-feira, 8/10, uma mesa-redonda sobre os avanços no conhecimento sobre os moluscos hospedeiros do S. mansoni movimentou o 12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose. Especialistas de instituições de pesquisas do Rio de Janeiro e de Minas Gerais apresentaram estudos relacionados a aspectos do controle e da resistência dos caramujos da família Biomphalaria.

 Gutemberg Brito

 

Estudos relacionados ao controle e à resistência do caramujos da família Biomphalaria foram apresentados em mesa-redonda 

'Os mecanismos de resistência de Biomphalaria à infecção por Schistosoma mansoni'  foi o título da conferência ministrada pela pesquisadora da Universidade Federal de Alfenas (MG), Raquel Lopes Souza. A convidada destacou que a espécie Biomphalaria tenagophila vem apresentando crescente importância na transmissão da esquistossomose no território brasileiro, citando como exemplo a reserva biológica do Taim, no Rio Grande do Sul. Segundo ela, a espécie possui vantagem de representar linhagens altamente susceptíveis e linhagens totalmente resistentes à infecção pelo parasito. “Realizamos várias tentativas de infecção da Biomphalaria taim e observamos que ela se mostrou totalmente resistente à infecção. A hipótese é a de que essa linhagem poderia ser refratária ao Schistosoma. Porém, verificamos que o parasito que penetra no caramujo é destruído rapidamente pelo sistema de defesa dessa linhagem”, revelou. “O próximo passo do estudo será a investigação da relação de destruição dos esporocistos pelos mecanismos de defesa da linhagem Taim da Biomphalaria tenagophila”, completou.

Em seguida, a pesquisadora do Instituto Oswaldo cruz (IOC/Fiocruz), Silvana Thiengo, falou sobre a suscetibilidade do Biomphalaria spp provenientes de lagos artificiais à infecção com diferentes cepas de S. mansoni. O estudo analisou a fauna malacológica em áreas impactadas por grandes empreendimentos hídricos, hidrelétricas e grandes projetos de irrigação, em regiões brasileiras. “Um grande número de barragens estão sendo construídas no Brasil, principalmente, no Brasil Central. No Rio Tocantins, por exemplo, encontramos espécies de Biomphalaria straminea”, explicou a pesquisadora.

Experimentos de susceptibilidade foram realizados com Biomphalaria straminea, Biomphalaria Amazônica e Biomphalaria Occidentalis nas usinas hidrelétricas de São Salvador, Manso, Serra da Mesa e Peixe Angical, todas no Rio Tocantins. Os resultados reforçam a preocupação em relação aos focos da doença nessas áreas, que são utilizadas como local de lazer pela população local. “Resultados apontam que a concentração de Biomphalaria straminea acentuada com a ocorrência de mudanças sociais e ecológicas sugerem a possibilidade de que ela venham a atuar como vetor de esquistossomose, caso não seja implementada uma vigilância nas áreas de estudo”, ressaltou Silvana.

A pesquisadora da Fiocruz-Minas, Virgínia Torres Schall, abordou as 'Perspectivas no uso de Euphorbia milli var. hislopii no controle de moluscos hospedeiros intermediários de Schistosoma spphosts of Schistosoma spp'. A pesquisadora destacou o alto custo dos  moluscicidas sintéticos e defendeu o uso de plantas como alternativa. “O alto custo, a dificuldade de transporte, além da alta toxidade são alguns dos problemas dos moluscicidas sintéticos. O uso de plantas pode ser uma alternativa efetiva para esse problema, pois apresentam alto potencial de atividade, são de baixo custo, de fácil obtenção, além da produção ser mais simples”, explicou a pesquisadora. “Nossos estudos, realizados com a Euphorbia milli var. hislopii, planta conhecida popularmente como crista de galo, já estão em fase de registro com a Anvisa para o uso em campo”, afirmou.

Gutemberg Brito

 

A malacologista Silvana Thiengo apresentou os impactos do uso recreativo de barragens na disseminação da doença

Já a pesquisadora Roberta Lima Caldeira, da Fiocruz-Minas, apresentou os resultados de um estudo que estabeleceu perfis específicos para cada uma das espécies brasileiras. “Identificamos que a Biomphalaria amazonica apresentava três perfis distintos. Atribuímos esses perfis como se fossem variabilidades intra-específicas. Com o passar do tempo passamos a investigar mais essas populações e observamos que a partir de estudos filogenéticos havia uma variação de exemplares dentro dessa mesma espécie”, explicou a especialista. “Após extensa análise morfológica, determinamos que os exemplares que possuíam três fragmentos pertenciam à espécie de Biomphalaria cousini e aqueles que possuíam cinco fragmentos pertenciam à espécie de Biomphalaria amazonica. Porém, identificamos que as populações que tínhamos no Brasil, nas regiões de Mato Grosso, Benjamim Constant e Careiro Castanho, ora apresentavam três fragmentos ora apresentavam cinco fragmentos, denominamos esse perfil de híbrido", destacou.

Acompanhe o Especial 12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose

Cristiane Albuquerque

08/10/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

 


 

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